UMA VIDA CRISTÃ DE LIBERDADE - Parte 5

UMA VIDA CRISTÃ DE LIBERDADE - Parte 5
Pr Alex R. Carneiro

Cl 1.13 e 2.13a16; 1Pe 2.15,16 e

Veremos o propósito da liberdade. Como usufruí-la e fazer dela uma grande bênção para nós e para os outros?

A LIBERDADE VISA NOS TORNAR SEMELHANTES A DEUS.

A liberdade visa nos levar ao propósito de nossa criação, sermos a imagem e semelhança de Cristo. “Como filhos da obediência, não vos amoldeis nas paixões que tínheis anteriormente... pelo contrário segundo é santo o que vos chamou, tornai-vos santos também, ... em todo o vosso procedimento...”
Quando a Trindade cria o homem a expressão é “façamos o homem a nossa imagem e semelhança”Gn 1.26. Isto demonstra que a ação criadora de Deus objetivava um ser que refletisse a sua imagem, daí a comunicação para nós de atributos de racionalidade, amor, domínio, fala etc. E, daí a concessão da liberdade, a fim de podermos usar estes atributos adequadamente. Mas o uso indevido da liberdade no Éden nos afastou desta perspectiva.

Como, conseqüência distorcemos e afastamos o propósito original de Deus. Eis o porquê da necessidade instintiva do homem para o místico, para religião, pois nesta ele busca se “religare”(religião) com Deus e com sua liberdade perfeita. É por isso que você está aqui, é por isso que muitos de nós para consertamos nossas vidas dizemos: precisamos (ou fulano precisa) de uma religião, isto é, de se religar com Deus e seu propósito original – um homem a imagem e semelhança de Deus. Por isso Pedro repete as palavras do próprio Deus em Levíticos 11.44,45. “sedes santos”.

Concluímos então que um dos propósitos da liberdade, de mudar nossa condição de escravos para filhos, é nos livrar do domínio de Satanás e nos aproximar de Deus, para aperfeiçoamento de nosso relacionamento com Deus e a para adequada expressão de sua imagem, isto é, para que voltemos ao propósito original da criação; isto é, nos fazer o mais próximo possível da imagem e semelhança de Cristo.

A LIBERDADE NOS AFASTA DA ESCRAVIDÃO E NOS APROXIMA DA SUBMISSÃO.

Dissemos que a liberdade visa nos tornar semelhantes a Deus (não iguais, divinos), isto é capaz de refletir os atributos essenciais de uma vida conforme a vontade de Deus. Pois ela nos afasta da escravidão, ela cria em nós o potencial de santidade e serviço - de semelhança com Cristo. Por isso o Espírito habita em nós, e por isso a Bíblia declara: “andai no Espírito não satisfareis a carne”. Gl 5.16.
Mas sua essencialidade e propósito não está apenas nisto, mas também no fato que não há santidade e serviço sem voluntariedade. E não há voluntariedade sem liberdade. Ninguém resolve fazer nada expontaneamente se não puder livremente escolher isto. Ninguém tem uma vida santa e produz um serviço agradável para Deus e para si se não for livre, se não fizer como Cristo, se não tiver seu mesmo sentimento. Se não se submeter livremente a este modo de vida (Fp 2.1 a 11).
p.27
O domínio esta ligado a escravidão por que se refere a imposição da vontade de um coativamente sobre outro. O escravo não usa de sua vontade, ao contrário executa a vontade, desejos e caprichos de seu dono. Daí a expressão domínio - dono (proprietário), e daí a condição não de ser mas de objeto. Quem esta escravizado não vive, não tem vontade é apenas um utensílio.
A submissão diferentemente exige um vontade livre. Requer um ação voluntária de se submeter, de se colocar debaixo da autoridade de alguém. Exige o reconhecimento da autoridade e o desejo servir a ela. Eis porque o texto fala em “sujeitai-vos... como livres que sois... “ 1.Pe 15,16 “porque vós, irmãos fostes chamados a liberdade... sede... servos uns dos outros em amor” Gl 5.13.

Mas qual então a finalidade de nos tornarmos semelhantes a Deus e de vivermos em submissão a sua Palavra?
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O FIM ÚLTIMO DA LIBERDADE É A SANTIDADE E O SERVIÇO.

A liberdade é um elemento relacional – uma condição e posição diante de Deus – tornamo-nos filhos. O que é determinante para minha relação com Deus, comigo mesmo e com as pessoas.
A liberdade é uma dádiva com um aparente paradoxo: somo livres do domínio para a submissão – que é o principal fator de nossas relações.
Isto irmãos ocorre e aponta para a instrumentalidade da liberdade – nos fazer criaturas semelhantes a Deus – que refletem sua santidade e amor. Santidade refletida na pureza e justiça de nossos atos. Amor expressado no servir de nossas relações. Isto irmãos é profundo, difícil e essencial. Foi para isso que Deus nos criou.

Foi por isso que Cristo morreu. E por causa disso que o Espírito Santo habita em nós. É profundo, difícil e essencial. È profundo porque exige de nós a compreensão da síntese de Deus, de sua obra, de sua palavra, de sua graça.
É difícil porque não se alcança senão voluntariamente, mediante a submissão, por amor, a Deus. Submissão que só é verdadeira quando se reflete na nossa relação com o próximo. Por isso que amar o próximo é a síntese da lei.
É essencial por que é a razão e conteúdo de nossa identidade: ser cristão é ser um santo servo de Deus que se submete diariamente a produzir obras de justiça. E isto só se consegue com a liberdade de quem resolveu deliberadamente que só vale a pena viver se puder amar. E que sabe que sem pureza (santidade) e voluntariedade (submissão) não há amor. Sem amor não há expressão no que se faz. Sem amor não há razão no que se faz. Sem amor não há nada para se deixar, não há nada que valha a pena de se lembrar.

“Eu tenho tudo que preciso para ser alegre”.
Esta foi a síntese da vida de Robert Reed (por Max Lucado em O aplauso do céu)
Robert teve paralisia cerebral. A enfermidade o impediu de dirigir um automóvel, andar de bicicleta, dar um passeio. Mas não o impediu de concluir sua graduação em latim e de ensinar no Colégio Saint Luois, nem de fazer cinco viagens missionárias. E nem de se tornar missionário em Portugal. Em 1972 ele se mudou para Lisboa. Encontrou um dono de restaurante que o alimentava, e um instrutor de português. Passou a distribuir literatura cristã e, em cerca de seis anos, levou 70 pessoas a Cristo.

Max Lucado, conta esta história dizendo: “Recentemente ouvi Robert falar. Vi outros homens leva-lo a plataforma em sua cadeira de rodas. Vi quando puseram a Bíblia no seu colo... e como virava as páginas com seus dedos endurecidos. Vi gente chorar de admiração. Robert podia implorar simpatia e piedade, mas ele fez o contrário. Ele ergueu sua mão e disse...: “Tenho tudo que preciso para ser alegre”.

Irmãos ele era livre. Livre de suas limitações. Por isso foi para Portugal para servir e amar. Por isso viver para ele não era um peso. Não era fácil, é fato, mas nos mostra o que pode fazer a liberdade. E o quanto podemos fazer com ela.
E esta é a síntese do valor e propósito da liberdade que Deus quer nos conceder.
E que Deus nos ajude e abençoe na decisão de livremente servir e amar.