AS QUATRO ESTAÇÕES DO CASAMENTO - Parte 9

PARTE 2
3.2.1 – É um relacionamento com base no compromisso. Um casamento na primavera, em minha opinião, tem como marca principal o compromisso. “Mas pastor”, alguém pode perguntar, “por que o compromisso e não o amor?” O psicanalista Erich Fromm nos ajuda: “Amar alguém não é apenas um sentimento forte. É uma decisão, um julgamento, uma promessa” (citado por Nascimento, 2001, p.9). Em minha opinião, amor e compromisso são dois lados da mesma moeda, um é parte integrante do outro, sem um o outro não se sustenta. Mas, em nossa cultura, existe uma ênfase exagerada na adrenalina, o amor é argumentado em termos sentimentais, emocionais, em termos quase arrebatadores. Já falei neste encontro que os ideais do amor romântico devem passar junto com a adolescência. O problema é que para alguns a adolescência nunca passa.
A grande maioria dos casais que sucumbem ao inverno ou ao outono no casamento, sem nunca amadurecerem para chegar até a primavera, têm uma compreensão superficial do amor, associando-o mais às emoções do que às decisões. Todavia, quando as emoções balançam, é o compromisso que vai sustentar o casal na hora das provações. Os votos conjugais são o alicerce de um casamento que alcançou a primavera. Sustentado nos votos, o casamento balança, mas não cai... John e Betty Drescher, ele pastor e ela conselheira matrimonial e escritora, ao completarem cinqüenta anos de casados, foram entrevistados sobre “o que fariam” e “o que não fariam” se fossem começar de novo a vida conjugal. Eles responderam: “Se estivéssemos, então, começando nosso casamento de novo, iríamos construí-lo [com base no] compromisso, um compromisso maior do que qualquer problema a ser enfrentado”.
“Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza ou na pobreza” são votos que transformam o amor sentimento em amor compromisso, é a união dos dois lados da moeda, o equilíbrio que faz a primavera acontecer. Se a primavera é uma estação pela qual seu casamento nunca passou, então comece a repensar seriamente seus compromissos, e, talvez, este seja o primeiro passo a ser dado para você sair do inverno. Nossa sociedade transformou-se num lugar de ninguém, numa terra sem valores, num velho oeste... O desprezo manifestado em nossos dias aos votos conjugais é um dos sintomas de que compromisso é uma coisa sem valor, que a palavra empenhada por um homem ou uma mulher não valem mais nada.
Em minha opinião, duas questões importantes estão relacionadas ao compromisso e à primavera dos relacionamentos, e que nem sempre recebem a devida atenção dos casais e muito menos da sociedade em nossos dias. A primeira é a questão da segurança, a segunda é a questão do juízo. A primeira questão, que eu chamaria de positiva, a segurança, está diretamente ligada ao compromisso. Não há nada mais sublime que o amor, mas é o compromisso que transmite ao outro a segurança de que nosso relacionamento não vai acabar na primeira crise, briga ou discussão. Só há uma coisa mais triste do que a insegurança, é a insegurança sobre ser amado. Quando o compromisso é sólido há uma mensagem de segurança transmitida ao meu cônjuge: você pode ser você e não é preciso temer, porque, haja o que houver, eu não vou embora; você pode dizer o que pensa e falar a respeito das mudanças que acha que precisamos, vamos continuar juntos. Quando podemos confiar nossos sentimentos ao nosso cônjuge, então começamos a edificar fortes laços de intimidade. Sem a segurança um diálogo neste nível é utópico; um cônjuge será refém do outro, que é cheio de “não-me-toques”, que a qualquer momento vai explodir e ameaçar com o divórcio, como talvez alguns aqui até já possam ter feito. Um casamento que chega até a primavera transmite firmeza e segurança. Só o compromisso produz segurança.
É com o compromisso que o amor alcança o ideal de I Coríntios 13: “o amor tudo suporta”, “o amor não se ressente do mal”, ou seja, há uma afirmação de fé no amor conjugal que diz “nós vamos passar por este problema, e sem ameaças...”. Ora, se a pessoa não pode ser ela, se a pessoa não pode dizer o que pensa, compartilhar seus medos e fraquezas na certeza de que o outro não vai ameaçar com a separação ou demonstrar rejeição, então o clima de segurança necessário à primavera nunca será alcançado.
A outra questão, que eu chamaria de negativa, o juízo, diz respeito a um aspecto da revelação bíblica, muitas vezes ignorado: Deus é testemunha dos nossos votos. A união de um homem e uma mulher sempre será na presença de Deus, e este compromisso chamado casamento, têm o próprio Deus como testemunha: “O Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher de tua mocidade... Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel” (Ml. 2: 14-15).