Nossa consciência Contemplativa - Parte 1

Nossa consciência Contemplativa
Parte 1

“Se você for bonzinho Deus vai te abençoar”. Esta é uma expressão usada de várias formas e em vários momentos. Quando crianças, no púlpito, diante de problemas etc. Este raciocínio, esta teologia da retribuição é a questão que mais tem assolado e conduzido o a vida da Igreja e dos crentes através dos tempos. É verdade, não tenho dúvida, Deus quer nos abençoar, mas isto não pode ser o ponto central de nosso relacionamento com Deus, nem pode ser o motivo ou razão de nossa fé ou forma de vida. O livro de Jó trata em seu âmago sobre esta questão - qual a razão de nossa adoração, vida e fé, uma vez que Satanás argumenta que Jô só adorava ao Senhor porque este o concedia benesses.
Num mundo hedonista e num momento que se valoriza mais as bênçãos e direitos do que os deveres tal reflexão é essencial, pois como Jó, buscamos ser fiéis e tementes a Deus, mas muitas vezes, mesmo que inconscientemente, envolvidos pelos valores destes tempos vivemos como ele e seus amigos - cremos que Deus deve sempre abençoar os justos e castigar os injustos. É nossa resposta, em nossa mente adâmica, para justificar muitas de nossas atitudes e para nos forçar a ficar firmes diante de tantas circunstâncias da vida.
Diante disso, fica uma pergunta, quando não houver retribuição qual será a base de nossa adoração e fé? Se sofremos lutas e problemas estamos sendo castigados? Muitas vezes a dificuldade para responder a essas perguntas surgem porque ao invés de nos vermos como servos nos vemos apenas como filhos (filhos podem reivindicar seus direitos e devem ser abençoados pelos pais).
Mas vamos dar uma olhada, ainda que objetivamente, em certos aspectos do que estamos chamando de teologia retributiva (ou de retribuição) a partir de alguns trechos de Jó ( 3.6,7; 8.3,4; 10.14; e 34.5) para refletirmos melhor sobre nossas perguntas e afirmativas.
Primeiro vejamos um problema: QUANDO A RETRIBUIÇÃO FALHA. Neste caso a nossa fé se transforma de confiança (em certos casos orgulho ou vaidade) em conflito com Deus e até com as pessoas (16.6 a22; 23.1), pois como nós, filhos justos e dedicados, podemos estar sendo castigados? Ou como poderíamos sofrer dificuldades se estamos fazendo tudo certo?
Depois olhemos para o CONFLITO e a FÉ – é neste momento que vivemos entre a desilusão e a fé. Entre o medo, a dor e o nosso amor a Deus. Que lutamos com nos mesmos (Jó19 e 19.23 a27) para nos manter firmes, para não darmos ouvidos aqueles que sequer sabem de nosso problema, mas que nos julgam pelas circunstâncias. Para crermos que somos fiéis e que os problemas fazem parte da vida.