ENFRENTANDO CONFLITOS FAMILIARES - Parte 8

ENFRENTANDO CONFLITOS FAMILIARES - PARTE 8

PENSANDO SOBRE RESTAURAÇÃO
Poderíamos simplificar tudo que dissemos afirmando que nossos conflitos são causados pela nossa natureza adâmica - o que seria verdade, no entanto não nos ajudaria a entender as causas e evitá-las. Mesmo porque não é só nosso egoísmo que é fonte de nossos conflitos. Creio que no relacionamento conjugal a falta de entendimento de nossas diferenças são também uma forte fonte de conflito.
Não podemos ignorar que conflitos ferem, mas precisamos também entender que conflitos as vezes são apenas falta de entendimento sobre nossos temperamentos ou modo de ver ou sentir, não só como pessoas mas também como homem e mulher. Compreendendo que tais diferenças não são defeitos mas características que podem nos enriquecer ao nosso relacionamento e a nós como pessoas. Junto com as questões tratadas precisamos entender que restauração é uma palavra chave e relacionamento saudável é um conceito importante para lidar com os conflitos. Sobre relacionamento saudável dissemos que é “um relacionamento de intimidade, onde ambos os cônjuges têm o compromisso de viver em amor, liberdade e responsabilidade pelo crescimento do outro”. Sem voltar a cada um dos elementos deste conceito, queremos apenas ratificar a idéia sobre compromisso, pois Amar e ser amado, dar e receber amor, saber cultivar para pode colher são marcas de um relacionamento saudável.
Diante dos conflitos precisamos lembrar que nossos votos conjugais, promessas futuras, para os momentos difíceis de adversidades conjugais. Nossa decisão de ser pais trazem a reboque o compromisso.

O compromisso de amor é minha decisão para ser aplicada no processo de construção de um relacionamento saudável e dos momentos de conflitos onde são necessários as difíceis atitudes de perdão e restauração. Sendo o perdão um sentimento de foro profundamente íntimo. Que envolve a necessidade de sarar feridas, ofensas, muitas delas repetidas anos a fio. E considerando o fato de o Senhor Jesus não aceitar o divórcio mas entender e respeitar as palavras de Moisés sobre “a dureza do coração” - Mt 19. 9; isto é, a impossibilidade de perdão, de lidar com as feridas e ofensas não saradas e/ou esquecidas. E que nenhum de nós julguemos estes casos, já que não podemos medir a dor de cada um.
O perdão é uma bênção para quem oferece e para quem recebe. Para quem oferece porque retira qualquer peso e o exime de quaquer responsabilidade sobre a reação e vida do outro, bem como o livra para continuar sua vida, além do fato de aproximá-la profundamente do caráter de Cristo. Para quem recebe é um alívio, pois opera a retirada de um fardo de culpa. E mesmo sem arrependimento, independente da atitude do ofensor, liberar perdão é uma passagem para viver com a consciência que fizemos o melhor de nós.
Por que falar de perdão? Porque ele junto com o compromisso são fatores primordiais para vencer conflitos e para a manutenção e restauração do relacionamento conjugal. Restaurar é recuperar, reparar, revigorar (dar nova força ou vigor). Biblicamente restauração (apokatasis- At 3.19 a 21) está ligada a idéia de ação messiânica de uma nova vida, de certa forma da recuperação do homem a condição anterior a queda. Desta forma poderíamos pensar em restauração como afastamento do pecado, abandono dos erros e condutas. O que biblicamente a restauração exigiu, ainda, o sacrifício de Cristo o que nós apresenta uma outra face. E se fizermos uma comparação (analogia), exigirá de nós um amor sacrificial (ágape) e perdoador. Desta forma, restauração requer por um lado a mudança de atitude - o abandono definitivo daquilo que atinge o relacionamento, o que só ocorrerá com decisão de mudar e de arrependimento. E por outro lado requer a decisão de perdoar, de amar sacrificialmente - o que também é uma mudança de atitude. Há, assim, um remédio para o conflito mas que requer esforço e compromisso, e que exige espontaneidade, pois não há arrependimento, perdão ou mudanças verdadeiras sem liberdade e sinceramente.
Cabe ressalvar, que após lutas, feridas e discórdias não se chega ao arrependimento, ao perdão e a mudança sem esforço. Nossa natureza de orgulho ou vaidade sempre irá lutar contra nós. Cabe lembrar, ainda, que num relacionamento conjugal, em regra, ninguém está isento. Quer porque se omitiu em alguma coisa, quer porque não impôs limites, ou até mesmo porque não dispensamos o cuidado devido a nosso cônjuge.