Vida Abundante - Parte 28

Parte 28 - Os Cinco “Vs” da Vida Pessoal e Familiar Abundante
O TERCEIRO “V” – AS PEÇAS DO VESTUÁRIO
MANSIDÃO
Estamos montando o guarda-roupas do cristão. A base deste terceiro “V” são algumas virtudes que devem ser cuidadosamente cultivadas pelo cristão a fim de que o caráter de Cristo se manifeste em sua vida. Lembre-se que a promessa de Cristo é de “Vida Abundante”, mas que esta vida não acontece ao acaso, pelo contrário, é preciso, de nossa parte, um compromisso com a santidade, que é o despir-se no velho homem e o revestir-se do novo homem. Quando um cristão não aceita sua responsabilidade neste processo sua vida se torna medíocre; quando um cristão aceita assumir um compromisso com este processo, de sempre despir-se das roupas imundas do pecado e vestir-se das roupas limpas da santidade sua vida se enche de significado, propósito, sentido e beleza, uma vida verdadeiramente abundante.
Ao falar da quarta peça de roupa do cristão: a mansidão. Iniciaremos falando desta peça importantíssima de nossa indumentária, da qual todos os crentes devem se revestir, começando por algumas definições do significado da palavra “mansidão” ou que seja ser “manso”. (Brincar) Pasmem os irmãos, pasmem os irmãos, mas o dicionário português define mansidão como “a qualidade daquele que é manso”. Profundo, não acha?!!! No português a pessoa mansa é aquela dotada de “índole pacífica”, “brandura de caráter” ou “serena”. O antônimo de manso seria então “índole agressiva”, “arrogância” ou “rebelião”.
Já a palavra grega para mansidão é “prautes”, que poderia ser traduzida como “modéstia”, qualidade das pessoas sem vaidade, moderadas nas situações mas principalmente moderadas quanto a si mesmas, e também significava “placidez”, a pessoa capaz de manter a tranqüilidade. Será que nós somos assim?.
Historicamente a mansidão sempre foi uma qualidade controvertida. Entre os gregos a mansidão não aparece na lista das virtudes. Mansidão era “uma coisa de mulher”, e como as mulheres eram pouco valorizadas esta qualidade era vista como uma coisa de gente inferior. Aristóteles chega a dizer que “a mansidão é uma deficiência”. Já entre os romanos a mansidão era considerada um vício, um terrível defeito. Os romanos, e por conseqüência os latinos como nós, acreditavam que a grande virtude dos homens era a força. (Brincar, imitar o He-Man) Talvez os irmãos não acreditem, mas a brincadeira preferida das criancinhas romanas era “eu tenho a força!”. Como é que você acha que os romanos construíram um dos maiores e mais gloriosos impérios da história da humanidade? Pela paz? Pelo diálogo? Pela diplomacia? Você acha que eles chegaram em todos aqueles povos da Europa, costa do Mar Mediterrâneo, África e Oriente e disseram delicadamente: “por favor, nós somos conquistadores, muito prazer, por obsequio, vocês podem nos dar as suas terras, se tornarem nossos escravos e nos pagarem impostos escorchantes como aqueles que se pagam no Brasil, pelo resto da vida de vocês?” Alguém aqui acha que foi assim. Não! Foi pela guerra... (brincar com urros, imitar uma espada cortando pescoço). Para um romano médio a força era a grande virtude, ao passo que a mansidão era um defeito de caráter. A conquista pela força, o uso do poder da espada era o ideal máximo da cultura romana.
O cristianismo chega e traz consigo um conceito totalmente novo: aquilo que era uma virtude, a força, agora passa a ser um equívoco; e aquilo que era um defeito, a mansidão, passa a ser uma virtude. “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc. 4:6). Mas, observe, por favor, não apenas uma virtude qualquer, uma virtude central, uma qualidade essencial do caráter cristão, uma marca das pessoas verdadeiramente felizes porque o Salvador ensinou: “bem aventurados os mansos” ou “felizes os mansos” (Mt. 5:5), uma virtude tão importante para a vida do cristão que produzida pelo próprio Espírito de Deus: “mas, o fruto do Espírito é... mansidão” (Gl. 5:23). (Pausadamente) O problema é que até os crentes acreditam mais na força do que na mansidão. O problema é que a “fé na força”, se é que assim podemos falar, é uma coisa enraizada em nós, e nossa natureza adâmica, por sua vez, sempre nos deixa com uma duvida: será que a mansidão pode nos levar a algum lugar? Lá em nosso íntimo indagamos, baixinho, para ninguém ouvir: “será que a força não é um método melhor que a mansidão”? E a Palavra de Deus vem ao encontro destas questões e diz: “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos”.
Bíblica e teologicamente falando há duas definições importantes sobre o que é mansidão:
a) primeiramente mansidão é a capacidade de entregar-se à vontade de Deus;
b) segunda mansidão é a capacidade de entregar seus direitos a Deus (repetir).
Nenhuma destas duas coisas é fácil. Entregar-se à vontade de Deus é a melhor coisa que uma pessoa pode fazer, mas isto não é fácil... E mais difícil ainda é você ter um direito, uma coisa estar na sua mão, alguém lhe arrancar aquilo que é seu e você dizer, com fé: “Deus vai cuidar disto” (pausa). Deus nunca perde uma causa, isto nós sabemos, mas, na prática, todos nós temos dificuldades em entregar nossas causas para Deus. O que é mansidão? É a serenidade diante da vontade de Deus! O que é mansidão? É a disposição de entregar a luta pelos seus direitos a Deus!
Creio que a melhor forma de entendermos estes conceitos é olhando como eles são ensinados na Bíblia através da vida dos servos de Deus. Para começar a entender melhor este negócio de mansidão, entregar-se à vontade de Deus, colocar nossos direitos nas mãos de Deus, devemos prestar atenção à uma importante declaração que encontramos em Números 12:3: “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. Moisés foi o homem mais manso da terra! Esta é uma afirmação fantástica e que nos ajuda a entender que mansidão e coragem, mansidão e determinação, mansidão e personalidade, mansidão e firmeza são coisas perfeitamente harmoniosas dentro do ensino bíblico. Se os povos antigos pensavam em mansidão como sinônimo de fraqueza ou até mesmo de covardia, a vida de Moisés já é suficiente para demonstrar o contrário. O homem que colocou o dedo na cara de Faraó, o homem mais poderoso da terra à época, e disse “você está errado” e ainda “ou você obedece ou vai se arrepender” não é um fraco, mas a muitos isto também não parece ser mansidão. O homem que liderou dois milhões de pessoas durante uma difícil peregrinação no deserto, mostrando perseverança, firmeza e autoridade até para condenar pessoas à morte não é um fraco, mas a muitos isto também não parece ser mansidão. E em Números capítulo 20, no episódio da água que sai da rocha no deserto, quando Moisés irado bate na rocha e chama todo o povo de “seus malas sem alça”, recebe uma reprimenda de Deus, isto parece mansidão? O que você acha?...
Pois bem, para entendermos isto precisamos voltar às nossas definições: “mansidão é entregar-se à vontade de Deus” e “mansidão é entregar seus direitos a Deus”. É nisto que Moisés é uma grande lição de mansidão para nós. Ele, aos oitenta anos, entregou sua vida à uma grande missão e aceitou a vontade de Deus. Muitos aos cinqüenta, sessenta anos já estão dizendo para Deus “passa a régua a fecha a conta!... eu não quero mais nada”... Mansidão é entregar-se à vontade de Deus para as tarefas mais difíceis mesmo quando já estamos querendo nos aposentar. E mais, mansidão é entregar nossos direitos a Deus, e foi isto que Moisés fez quando seus irmãos, seus próprios irmãos, questionam sua liderança sobre Israel no episódio narrado em Números capítulo 12. Arão e Miriã fazem uma reunião e conversam mais ou menos assim: “olha, isto aqui tem cara de monarquia, e nós, como irmãos do líder, queremos um espaço político maior neste governo, damos apoio mas queremos alguns ministérios”... Você já viu isto em algum lugar? Foram até Moisés e questionaram a liderança do irmão. E sabem o que Moisés fez? Ele disse “tudo bem, vamos orar a Deus a respeito disto”. Isto é impressionante! Moisés poderia ter contestado, rebatido, brigado com seus irmãos. Poderia ter perguntado: “escuta, foi com vocês que Deus falou na sarça?”, ou ainda “foi à vocês que Deus entregou as tábuas da Lei”, “Deus fala com vocês como fala comigo”. Moisés poderia ter argumentado e defendido seus direitos dando um grande VPB para seus irmãos. Sabem o que é VPB? (ênfase) “Vão Plantar Batas” vocês dois... Quando Moisés entregou seus direitos para Deus sabem o que aconteceu? Deus tomou para si a causa de Seu servo, desceu sobre o lugar e repreendeu Arão e Miriã, e quando a fumaça da presença de Deus subiu Miriã estava leprosa e Arão cai arrependido e quebrantado. Jesus: ler I de Pedro 2:21-24.