Vida Abundante - Parte 33

Parte 33 - Os Cinco “Vs” da Vida Pessoal e Familiar Abundante
O TERCEIRO “V” – AS PEÇAS DO VESTUÁRIO
A PAZ
Você já assistiu a um concurso de Miss Universo? Não... Não lembra? Impossível, quem já assistiu não esquece, especialmente o publico masculino... Pois bem, neste concurso, do qual participam moças de vários países, há um momento de entrevistas para o qual todas são treinadas para falar apenas aquilo que possa ser classificado como “politicamente correto”. Como este evento é tido como um momento de “confraternização entre os povos”, a todas as participantes é feita a seguinte pergunta: o que você deseja para o mundo? Ou: qual seu maior desejo para o futuro dos povos? Ora, tudo aquilo é encenação, portanto as respostas são combinadas, por isso a maioria delas, com ar pensativo, com ar cênico, eu disse cênico e não cínico, responde: “o que eu desejo para os povos? A paz mundial!”.
Neste exato momento, enquanto estamos aqui neste culto, em várias partes do mundo estão acontecendo guerras. Pessoas estão morrendo e, sem duvidas, o que elas mais gostariam para o mundo é a paz. Nós, ao pensarmos em guerras, geralmente pensamos no Iraque, Afeganistão e judeus versus palestinos. Mas, na Índia existe a disputa pela Cashimira com o Paquistão, A Rússia ainda mata os chechenos, na China há repressão aos tibetanos, no continente africano mais de vinte países estão lutando por alguma questão tribal ou territorial, nas Américas o Haiti, a Colômbia e o México estão em conflitos, e tudo isto sem falar nas guerras urbanas entre policiais e o crime organizado nas metrópoles brasileiras. Hoje há muito mais guerras em curso e muito mais gente morrendo por causa destas guerras do que poderíamos imaginar.
Mas a guerra não tem apenas a dimensão militar, armada e uniformizada. As guerras não tem mais os contornos ideológicos de esquerda versus direita, não é mais chamada de “guerra fria”, de litígio entre os povos, de grupo contra grupo, aquilo que chamaríamos de “dimensão macro”. A guerra também tem uma dimensão privativa, particular, onde as pessoas vivem como se estivessem em constante conflito, uma “dimensão micro”, onde pais não se comunicam com os filhos, onde “filhos culpam seus pais por tudo, isto é absurdo”, onde casamentos são marcados pela beligerância, se existem os terroristas homem-bomba existem os “cônjuges-bomba”, que por causa de uma aventura explodem todos à sua volta, acabam com a família e deixam como principais sequelados os filhos... Observe a violência do transito e a violência na televisão, é claro que podemos chamar isto de guerra!
Existe também a guerra do trabalho, das empresas, onde as estratégias do mundo corporativo, globalizado, a mais perversa expressão do capitalismo selvagem, faz da “competição” sua principal bandeira, palavra adocicada para “competitividade”, que no fundo significa que na guerra por lucros só há vencidos e vencedores e não cooperadores. Cada vez se torna mais raro encontrar um amigo... Aliás, quantos amigos você tem? Qual a causa de tudo isto? Falta à humanidade paz. Muitos povos estão em guerra. Os homens estão em guerra entre si, também, e na minha opinião principalmente, as pessoas estão em guerra consigo mesmas... Falta paz.
No texto que estamos estudando o apóstolo Paulo trata das virtudes nos relacionamentos. Uma pessoa virtuosa, segundo a sabedoria bíblica, é uma pessoa que tem relacionamentos frutíferos, abençoados e principalmente pacíficos. Quando as virtudes cristãs estão sendo cultivadas de verdade em nossas vidas, todos os nossos relacionamentos são transformados. A Palavra de Deus em Colossenses 3:15 nos traz dois apelos acerca da paz: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também fostes chamados em um só corpo”.
Para entendermos corretamente este texto precisamos primeiro entender o que é a “paz de Cristo”. Se falamos “paz de Cristo”, isto indica que há outros tipos de paz, ou pelo menos, que a paz da qual a Bíblia trata nem sempre é a mesma paz da qual o mundo fala. NSJC deixou isto claro quando disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração nem se atemorize.” (João 14:27). Para os cristãos a paz emana de Cristo e é um presente que ele nos dá, e por essência, preste atenção, por essência, ele mesmo diz que está é uma paz diferente (ler novamente o texto).
Há vários tipos de paz:
• Pax-romana – a paz romana é a paz conquistada com a força da espada. Sua filosofia é: “se queres a paz prepara-te para a guerra”. Neste sentido a paz é uma imposição do mais forte. Há uma contradição na paz romana: a paz é sempre imposta pela guerra. O império romano, enquanto conseguiu manter suas tropas mobilizadas e unidas, impôs a paz aos povos que dominava, porém o império ruiu quando alguém mais forte conseguiu impor outro tipo de opinião... Talvez o Vietnã dos anos sessenta e o Iraque do século XXI sejam a maior prova de que a filosofia da paz romana talvez não funcione.
• Pax-Zen – a paz Zen é a paz da negação dos desejos. (Brincar: ahumm... ahumm...). Na filosofia da paz Zen quem nada deseja nada sofre, portanto negue seus desejos, inclusive o de paz, que então você a encontrará. Na paz Zen há um tipo de suicídio da personalidade; o ego tem que se perder no cosmos. Porém, não desejar nada significa não viver para nada. O homem é um ser desejante, e o problema não está em desejar, mas sim em desejar as coisas certas. Eu não creio que para alcançar a paz uma pessoa tenha que anular sua personalidade, pelo contrário, na história aprendemos que as pessoas os que mais contribuíram para a paz mundial foram grandes personalidades e desejaram concretizar seus sonhos.
• Pax-Hedom – a paz do hedonista é o prazer. Sua filosofia: dê à você mesmo todos os prazeres possíveis, alcance condições para comprar tudo o que você deseja e então você anulará todas as frustrações. No fundo o hedonista é alguém que busca a paz através de sentir os prazeres da vida, pensando assim anular as frustrações. É isto que está por trás do materialismo: a pessoa acredita que o dia que ela conquistar condições para comprar uma lancha e passar um dia numa praia deserta de Ubatuba, então, então ela encontrou a paz. Este conceito é a morte do mundo Ocidental e é por causa dele que iremos ruir como civilização. A paz não é mais um estado do espírito, uma condição da alma, mas sim uma posição social que garanta posses materiais e até a Ecologia já demonstrou que isto é impossível. Sheakspeare, ao final da vida, escreveu: “agradeço a Deus por Ele não ter me dado tudo o que eu pedi...”. Aprendemos com Freud que a pessoa que viver exclusivamente pelo princípio do prazer destruirá a si mesma e a todos que estiverem ao seu redor.
Como é a paz de Cristo? Será que ela é a paz ausência de frustrações? Será que ela é Zen? Será que para o cristão a paz é uma imposição da força? Mais uma vez ouçamos a promessa de Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração nem se atemorize.” (João 14:27). Como definir paz no cristianismo?