IGREJA COMUNIDADE TERAPÊUTICA - Parte I
A sociedade está doente. Atentados, guerras, a violência urbana, a degradação do ambiente nos demonstram isto. Contudo não são apenas condutas extremadas ou inadequadas que nos apontam esta verdade. O principal fator que nos permite afirmar isto é o dia a dia das pessoas e seus comportamentos. Isolamento e egoísmo são os principais deles. Vivemos afastados uns dos outros e desinteressados muitas vezes dos problemas dos outros, pois os nossos já são por demais grandes. A grande massa de doenças e distúrbios psicológicos também são outro indicador desta enfermidade social.
A pressão profissional– nos quais devemos ser extremamente competidores para sobreviver; pressão social materialista – onde devemos ter para ser: ter bens para sermos abençoados; ter corpos esculturais para sermos belos; ter informação - sem precisar pensar nelas,para sermos inteligentes. Ter religiosidade ou generosidade financeira, ou ainda, ter uma postura “profética” ou “determinista” para ser crente ou “prospera” para ser uma pessoa abençoada. Tudo isto culmina em casamentos enfermos; relacionamentos familiares conturbados; sensação de derrota;depressão, stress, etc. E sensação de fraqueza da fé quando o milagre não vem ou a bênção não chega.
Tudo isto nos dói, machuca e nos deixa doente. Pois são sofismas – mentiras
dissimuladas em verdades, que nos impregnam diariamente.
Que perspectiva ( nós a Igreja) devemos ter diante disto? Que atitude buscar?
O livro do profeta Isaías no cap 35.6 e 61 nos dá uma pista, lá encontramos
as características do ministério de Jesus, a qual foi ratificada pelo próprio Cristo em Lc 4.16 a 21 e 7.22, um ministério terapêutico. Pois terapêutica é a parte da medicina que estuda e põe em prática os meios para aliviar ou curar os doentes.
É isto que os apóstolos fazem em At 3. 1a 26 ao curar o coxo da porta chamada
Formosa; como reflexo daquilo que Jesus fez, continuou fazendo por meio deles e quer fazer através de nós. Lucas em seu primeiro livro relata aquilo que Cristo “começou a fazer e a ensinar”, em atos aquilo que a Igreja faria através do ES - para isso foram revestidos de poder.
Por isso creio que é essencial a Igreja ser uma “Comunidade Terapêutica”.
Num sentido de ser um grupo unido com o propósito comum de cuidar das pessoas e aliviar as dores. De curar–se e de curar os outros que estejam no seu caminho.
O contexto nos aponta para esta realidade. Em AT 2, o primeiro retrato da vida
da Igreja é de uma igreja que aprende, cultua, testemunha e compartilha. Atente para o fato de que estas circunstâncias não podem ocorrer sem cura: da alma, da mente da vida.
O mesmo se dá em At 3, que expõe os prodígios citados em At 2.43 e seus resultados. Este é o segundo estágio de Pentecostes, de um igreja que: Cura; Evangeliza; Sofre; Ora. Circunstâncias que também não podem ocorrer sem cura: da alma, da mente da vida
A cura do coxo é um retrato que nos mostra que a principal face da Igreja é de bênção: onde pessoas são mais importantes que religiosidade; ritos e qualquer aspecto material; e a vida cristã deve ser uma vida de cura espiritual e emocional. Mas como?
Através de uma Igreja que continua o ministério terapêutico de Cristo.
Entretanto dois pressupostos que devemos atentar:
1) A igreja só será uma comunidade terapêutica quando for cheia do ES ( At 1.8; 2.4
e 11 e 3.6)
2) A igreja só será uma comunidade terapêutica quando cheia do ES tiver atitudes e
mensagem abençoadora – At 2.42 e 47.
Merece ressalva o fato de que Deus faz prodígios mas se interessa mais por pessoas,
isto fica claro quando Pedro no v.22 cita Dt 18. 15 e 16, um trecho que exorta a não usar de magia para saber a vontade de Deus, pois a vontade de Deus viria do profeta verdadeiro, Cristo, que não ofereceu sinais aos escribas e fariseus em Mt 16 senão o de Jonas, ou seja a Bíblia.
O primeiro pressuposto é essencial, todos sabemos. E só ocorre com os salvos
em Cristo, que vivem segundo a direção deste ES.
O segundo é o centro da vida Cristã, isto é, da Igreja, pois a Igreja é uma
comunidade de Crentes. É perfil desta comunidade que At 3 nos descreve.
São as ações que caracterizam este perfil que são importantes para nós. É o que
veremos em Comunidade Terapêutica II.
