TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCIPULOS 3

TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS
Identidade e Missão - Is 61.1 e Jo 4.23 - Parte 3

Vimos que como devemos em nossa qualidade de cristãos viver com profundidade, precisamos não apenas saber que temos esta missão mas principalmente compreender seu conteúdo, pois é isto que vai nos identificar com Cristo. Desta forma, dissemos que entender o que é testemunhar a graça para aprendermos como fazer discípulos é se afastar do mero nominalismo superficial da pós-modernidade e do legalismo farisaico.
Devemos nos conscientizar que faz parte do plano de Deus sermos discípulos (multiplicadores) da graça de Deus. E para isto é necessário a reflexão sobre os dois principais pontos de nossa identidade: 1) Testemunhar a graça; e 2) Fazer discípulos. Passemos, portanto, ao primeiro desses pontos.

Reflitamos: O QUE É TESTEMUNHAR A GRAÇA?

De pronto ou inicialmente podemos dizer que testemunhar a graça é evidenciar a profundidade do pacto de amor feito por Deus. Entretanto, como não podemos ser simplórios reflitamos um pouco mais.
Desde do início Deus demonstra seu amor por nós. Ao invés de Deus implantar em nós leis naturais que automatizassem ou tornassem instintivos nossa vontade e sentimento o Senhor estabeleceu como princípio a liberdade, por isso disse Deus ao homem: “de toda a árvore do jardim comerás livremente”. Mesmo com limites (“mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás” - Gn 1. 15,16), pois amar também requer limites para nos proteger e ensinar. O Pacto ou expressão do amor de Deus por nós fica claro com a queda, pois enquanto o homem desobediente se esconde e foge Deus vai a seu encontro e substitui a ação inócua do homem de proteger sua vergonha com folhas para conceder vestimentas de pele de animal, que poderia realmente proteger o homem e cobrir seu pecado, Deus estava demonstrando seu cuidado e preanunciando seu amor sacrificial (Gn 2.22).
Outra ação de Deus que evidencia seu amor por nós é o fato do Senhor ter nos feito a sua imagem e semelhança. Poderia ter nos feito sem qualquer de seus atributos e poderia ter nos criado simplesmente para Sua glória como os demais seres da natureza. Mas deliberadamente nos fez “a sua imagem e semelhança” e passou a se relacionar conosco e nos amar .
Estes aspectos não só nos auxiliam a responder o que é testemunhar a graça, mas também ressaltam nossa função no plano de de Deus: sermos a imagem e semelhança de um Deus gracioso.

É provável que você já esteja perguntado o que o que significa evidenciar a profundidade do pacto de amor feito por Deus: é viver de modo a expressarmos o mais que pudermos imagem e semelhança de Deus. É viver em amor. Este é o plano de Deus desde da criação. Este é motivo pelo qual Deus nos faz renascer espiritualmente através da salvação. Deus quer que vivamos produzindo os frutos do Espírito Santo. Deus quer que sejamos cristãos, isto é, homens e mulheres que expressam de modo cabal, evidente, como uma prova irrefutável, sua imagem e semelhança sua natureza santa e amorosa. Deus quer que sejamos pessoas que amam segundo a natureza de seu amor (ágape – amor sacrificial e incondicional).

A graça restauradora foi anunciada por Isaías (61) como ministério de Cristo e foi apresentada e consumada por Jesus nos evangelhos. Para nosso aprendizado e compreensão Jesus demonstrou em que termos e extensão a graça opera. O essencial para nós é que precisamos evidenciar a graça Deus. Pois como testemunhar provando as pessoas o amor gracioso de Deus sem compreendê-lo. Em nossa salvação sentimos esta profundidade mas como discípulos somos chamados não apenas a uma experiência pessoal, espiritual e emocional, mas também a uma vivência que estenda a graça de Deus as pessoas. A uma vida que ame. O que é profundo e difícil, mas que é possível por que o amor de Deus não apenas nos salva, mas permite que seu Espírito habite em nós (1Co 6.19) e nos potencialize a produzir seus frutos. Ele nos capacita a testemunhar (tornar evidente) a graça de Deus. Nos potencializa a sermos sua imagem e semelhança, e a cumprir não só o propósito de nossa salvação (restaurar-nos) mas também de nossa criação (de refletirmos os atributos de Deus), Estas idéias se clareiam com um melhor entendimento sobre as expressões GRAÇA e DISCÍPULO.
Os léxicos e dicionários apresentam o conceito de graça a partir de hen / heshede (hebraico) no VT ligados a idéia de pacto de amor e aliança de misericórdia. Em que há um pacto expresso na Lei de Deus, mas onde esta lei não é o pacto em si, mas o condutor e guia da graça do pacto de amor de Deus ao homem (Ez 36). Conceito que se completa com as expressões Charis e Moffatt (grego) no NT. Charis no sentido de doação, e dom gracioso, de presente imerecido. Barclay (em Palabras Griegas e su significado) conceitua como “dom de perdão de Deus” dentro de uma situação em que “o juízo e condenação seria a única coisa justa”. E em que Moffatt tem o a idéia de misericórdia, o sentido de Deus não lançar sobre nós o nos seria merecido, a condenação, ou seja, no sentido do Senhor agir com graça.
O Evangelho de João em seu propósito é profundamente didático para nos apontar os valores estabelecidos por Deus ao expressar sua graça. Para entendermos isto melhor tomemos como ilustração os diálogos de Jesus em João 3 e 4 com um Mestre da Lei, Nicodemos, e com uma mulher samaritana, considerada adúltera e socialmente excluída. Nestes textos podemos entender sua gratuidade e misericórdia. Mas nossa reflexão já foi deveras pesada ou difícil, portanto, trataremos da perspectiva da graça de Deus nos diálogos de Jesus com Nicodemos e a mulher samaritana em nosso próximo encontro, semana que vem. Até lá que o Espírito Santo de Deus nos auxilie a entender a profundidade do amor de Deus por nós e o quanto devemos refletir isto em nossos relacionamentos. Até breve e ore por nós.
Pr Alex