ALEGRIA E MOTIVAÇÃO EM FILIPENSES - Parte 5

INCENTIVO A UNIDADE
Alex Ribeiro Carneiro Texto: Filipenses 1.27 a 2.4 IP Pinda Mai/ Jun/Jul 2011

Temos nos debruçado sobre a riqueza da Carta ao Filipenses. Valor expressado pela consciência da força da obra de Deus em nossas vidas. No sentimento de gratidão do apóstolo pela cooperação dos irmãos ao seu ministério. Pela fato de podermos ver que o bem na mão de Deus vence o mal, pois mesmo o apostolo estando preso e tendo pessoas que usavam do evangelho para proveito próprio e por inveja o evangelho estava sendo pregado.
Tratando desses aspectos, a partir do v.27 o apóstolo passa a cuidar de um fator essencial para o desenvolvimento da igreja – a unidade.
A igreja era fiel e cooperadora, mas enfrentava a ação dissimulada de alguns. Tinha que lidar com a força destruidora de adversários (1.28), do instinto devorador de alguns e do legalismo de outros (3.2).
Hoje ainda, infelizmente, não só enfrentamos essa realidade, mas também temos que lidar com aspectos contemporâneos da pós-modernidade que atingem a unidade.
A pós-modernidade se caracteriza por alguns elementos, como o privatismo e o relativismo.
No privatismo cada um pode e deve viver como quiser, tem direito a viver sua vida independente e sem intromissões ou padrões sociais. É a exacerbação do indivíduo. Posso ter meu deus, minha religião conforme meu entendimento e segundo me agrade.
No relativismo, não há absolutos, não temos uma verdade única, e portanto cada cabeça pode ter fazer sua sentença, isto é, pode ter um modo de ver a vida e de adotar sua visão da verdade.
O privatismo e relativismo se completam e geram um efeito relacional - a fragmentação. Esses elementos nos levam a um processo de dispersão e isolamento, tanto nas relações humanas como na nossa relação com Deus.
Assim acabamos por perder a visão de corpo e absolutividade da verdade.
Um exemplo disso são as redes de relacionamento, onde muitos se comunicam, mas não criam um relacionamento forte. Na rede posso apresentar só o que é positivo em mim, sem a necessidade de trabalharmos nossas falhas. Há muitas redes sociais, mas pouca sociabilidade, intimidade e comunhão real – logo não precisamos trabalhar nosso coração para suportarmos uns aos outros em amor.
Na rede social se não quero não te adiciono e posso “tweitar” meu achismo, sem tempo para reflexão e sem ter qualquer clareza sobre o outro e o que aconteceu.
Pois na pós-modernidade – de modo relativo “no final você decide” e privativamente sem se expor.
Deus é um deus de relacionamentos reais e de comprometimento, pois é isso que nos aproxima e nos une, daí a importância do incentivo de Paulo que mais do que isso é uma exortação a comunhão.
Outro reflexo da necessidade de tratarmos da unidades são as preferências de nosso modo evangélico ou gospel de cultuar.
Há os históricos ou tradicionais que dão preponderância a Deus Pai, a fim de ressaltar a soberania e a justiça de Deus, e tratam algumas posturas de outros crentes como de pessoas que tem “mania do Espírito”.
Há os chegados a pietude e caridade e se centram no Deus Filho, e por isso se dedicam à ética e beneficência. As ações caridosas de Cristo são a sua marca, são os que vêem nas obras a salvação ou crescimento.
Existe, ainda, os espiritualistas que estão sempre buscando viver “no Espírito”, se caracterizam pela “experiência espiritual-emocional”, pois são estas que os mantém “avivados”, são os carismáticos ou os que vivem no fogo, em lembrança “as línguas de fogo” do Pentecostes.
O problema é tão grande que cremos no mesmo Deus, somos todos salvos por Cristo e mantidos pelo mesmo Espírito, contudo não conseguimos viver como uma só Igreja, precisamos nos constituir em denominações. E as vezes temos essas posturas vivendo dentro da mesma igreja.
No entanto, temo que quanto mais a pós-modernidade avance mais nossa fragmentação se desenvolverá. Não é sem razão que temos tantas igrejas hoje.
E isso aponta para o fato de que nossa compreensão de Deus é profundamente afetada por nossa mente secularizada. Vemos e vivemos nossas relações com Deus e com outros não a partir do modelo bíblico e sim do padrão pós-moderno.
Desta forma, acabamos por ignorar a visão de corpo, de diversidade na unidade da Igreja, como é natural na Trindade. Sabendo que há diversidade de pessoas, mas unidade do Corpo, cuja cabeça é Cristo.
E não falamos de outros pontos como o edonismo pós-moderno que nos leva a buscar o preenchimento de nosso vazio pelo emocionalismo e não pela comunhão com Deus e com a Igreja.
Assim, show, lanchonetes, boates e outros entreterimentos gospel movimentam muitas pessoas, mas o dia a dia de uma vida cristã de comunhão atrai a poucos.
Essas e outras circunstâncias nos conduzem a pensarmos sobre alguns aspectos importantes da unidade cristã, a fim de adequadamente incentivarmos a união e em amor exortarmos a comunhão entre nós.

ASPECTOS DA UNIDADE
1) A UNIDADE É MARCA DA TRINDADE -
Seguindo as evidencias do VT e NT podemos conceituar Trindade a partir de três idéias:
- Deus é três pessoas;
- Cada pessoa é plenamente Deus;
- Há um só Deus.
Calvino declara nas Institutas ( I, XII, 20) que:
“... quando professamos crer em um só e único Deus, pelo termo Deus entende-se uma essência única e simples, em que compreendemos três pessoas”.
A Confissão de Westminster declara ( Séc III Cap 2) “ Na unidade da deidade há três pessoas, de uma só substância, poder e eternidade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo”.
E como fomos feitos a imagem e semelhança de Deus. |Como a igreja é a assembléias dos santos de Deus. Cmo igreja precisamos também ter a unidade com diversidade como marca.

2) A UNIDADE É ELEMENTO DE IDENTIDADE CRISTÃ
Somos vários membros, com distintos dons, temperamentos e características, mas que fazem parte de um só corpo cuja cabeça é Cristo.
Eclésia que é o nome utilizado no NT para igreja significa a “associação do santos” e está ligada a idéia de uma associação de pessoas que se unem com um mesmo fim e para tratarem de coisas em comum e para o bem estar da coletividade.
Igreja portanto e a idéia de povo de Deus nos mostra que um dos fatores que nos identifica como cristãos é a unidade. Por isso Paulo na carta aos Efésios (4.1 a 16) tanto fala de unidade como marca da trindade como da unidade como uma identidade da igreja e dos cristãos.
Nesse texto vemos que a unidade é fonte de espiritualidade e comunhão e, portanto, fortalece a igreja e desenvolve dons pelo uso é aceitação das diferenças e pela justa cooperação de cada parte.
Por isso Paulo incentiva a unidade em 1.27 e exorta a atitudes que conduzam e mantenham igreja nessa condição. le propõe a unidade de esforço, sentimento e espiritualidade (2.2). mas as atitudes que devem ser corrigidas e adotadas e assunto para nosso próximo encontro por ora fica as seguintes palavras

Ef 4.15,16
“seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxilio de toda junta, segundo a cooperação de cada parte, efetua seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor”.
Em suma, a igreja deve ser um reflexo da Trindade. Onde não há distinção entre as pessoas, mas onde há diferença nas formas delas operarem e se relacionarem, tudo em comunhão, vivendo portanto na diversidade de seus membros mas na unidade de pensamento, ações e propósitos – uma vez que esse é um dos mais fortes fatores de nossa identidade como povo de Deus – a união.
Por ela oremos, lutemos e nos esforcemos, pois pela cooperação de parte glorificaremos a Deus, cresceremos como igreja e como pessoas e poderemos ser instrumentos de Deus para que o adversário seja derrotado e muitos sejam alcançados pela comunhão do Espírito.