ALEGRIA E MOTIVAÇÃO EM FILIPENSES - Parte 7

ATITUDES QUE CONTRIBUEM PARA UNIDADE
Alex Ribeiro Carneiro Texto: Filipenses 1.27 a 2.4 IP Pinda Mai/ Jun/Jul 2011

INTRODUÇÃO

A unidade é um fator essencial para igreja, uma vez que ela reflete a imagem do Deus-trino – o Deus-pai, o Deus-filho e o Deus-Espírito que são três em uma só essência.
É essencial também para Igreja porque a unidade reflete sua identidade. Eclésia, a expressão grega para igreja, é a assembléia dos santos de Deus que vivem num só propósito. Nesse sentido a própria Palavra dá a igreja o nome de “corpo”.
Por todos esses aspectos a unidade é uma qualidade de força da Igreja que a fez caminhar até o presente, mesmo com várias circunstâncias ameaçando a unidade cristã, tanto de forma interna como externa.
Externamente uma forte ameaça é o momento pós-moderno do individualismo excessivo, do relativismo, e da busca de uma da vida felicidade sem compromissos. Aspectos que refletem claramente na vida da igreja, pois são valores sociais que nos solapam com forte ação desagregadora.
Internamente temos várias ações humanas de interesse pessoal que se opõem a comunhão da igreja. Vimos algumas delas sugeridas pelo apóstolo Paulo em Filipenses que são tão perigosas e devastadoras que ele usa a forte expressão “acautelai-vos dos cães”, haja vista sua poderosa força destruidora.
Vimos que Paulo especifica algumas dessas atitudes que não contribuem para unidade da igreja no inicio do Capitulo 2 e 3 de Filipenses.
Ele cita o partidarismo – a tomada de posição por questões pessoais ou de poder, onde não se olha para a coletividade, mas sim para aquilo que está de acordo com meus interesses ou visão. Sendo uma forma de oposição, porque tomo parte de algo que não se direciona ao interesse do todo.
Fala também da vangloria – da ambição de obter uma posição de relevância ou de ser exaltado no meio de um grupo. Vangloria que pode vir camuflada de uma “santidade especial”, que entre nos crentes tem certo ar de espiritualidade, e que por isso, mesmo inconsciente, nos leva a criar uma imagem de espiritualidade, criada para nos dar um status. Esta é contaria a unidade, porque na igreja a santidade deve ser um instrumento de serviço, onde me disponho a orar, abençoar e contribuir para o crescimento de todos e não de exaltação pessoal.
Por isso Paulo manda ter cuidado com os da “falsa circuncisão” – pessoas com eram respeitadas por sua aparente retidão judaica, mas que agia segundo o legalismo da carne.

Nossa reflexão chave quanto a essas atitudes desagregadoras foi pensar que:
“A unidade possui uma força inigualável e essencial a vida da igreja. Uma vez que a união constrói pontes que nos ligam uns aos outros e nos aproxima cada vez mais de Deus”. (Pr. Alex)

Por isso o apostolo Paulo incentiva a unidade em Fp 1.27, dizendo que seu desejo é ouvir que os irmãos de Filpenses “estão firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando firmes pela fé evangélica”.
O apostolo também acerca da unidade exorta os filipenses a adotarem atitudes que conduzam e mantenham a igreja unida. E nesse sentido suas palavras em Fp 2.2 refletem a comunhão pela unidade de esforço, sentimento e espiritualidade.

Filpenses 2. 2 a 4 fala diretamente de pelo menos três: a humildade, o serviço e a empatia. E essas indiretamente nos conduzem a uma quarta: o convívio .

a) HUMILDADE – a humildade é a atitude oposta ao partidarismo e vangloria. A humildade nos faz reconhecer nosso lugar e nos submeter a Deus e as pessoas, dando lugar a unidade ao invés das minhas vontades e visão.
Segundo o Aurélio, Humildade é a virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza. Modéstia. Submissão.
Existe um verso de uma música de Flávio Venturini que falo de seu grande amor por sua amada e declara que ele se tronou “escravo de seu amor, (mas) livre para amar”. Acho interessante essa frase porque realmente precisamos nos colocar como servos para amar, e isso só é sincero e verdadeiro quando é feito espontaneamente.
A humildade tem essa perspectiva, pois a submissão modesta não é um peso mas sim uma satisfação por poder amar e contribuir.
Assim, nosso amor a Deus e nosso amor ao próximo, ambos expressos em servir só ocorrerá se nos submetermos a Deus e ao outro. Submissão que em nosso caso só ocorrerá se humildemente vivermos pela direção de Deus, mais especificamente de seu Espírito Santo.

Logo, precisamos nos debruçar sobre os diversos aspectos e valores da humildade para que efetivamente possamos ter o Espírito operando em nossas vidas e por meio de nós. Nos conduzindo a uma vida de discípulos que produzem muito fruto, glorificando a Deus e abençoando ao próximo porque sabemos que somos pecadores graciosamente abençoados pelo amor de Deus.

A verdade é que a consciência de nossa condição sempre deve nos levar a modéstia. Afinal há tantas coisas em nossas vidas que não dependeram de nos, mas sim da ação de Deus e da ajuda e apoio de muitas pessoas.

È interessante relembrarmos que Deus mostra seu especial carinho e atenção pelos que vivem em humildade. O profeta Isaias fala sobre isso em seu capítulo 57.15: “Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.”

Por isso as palavras de Deus para aos humildes são tão impactantes, tanto no Velho quanto no Novo Testamento:
“Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificaríeis vós? e que lugar seria o do meu descanso?
A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que teme a minha palavra”. Is 66. 1 e 2

“Todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” Lucas 18.14. Pois - “Deus resiste aos soberbos; dá, porém, graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Deus; Tg 4. 6 e 7.
Assim, a humildade é não só um requisito para a unidade, mas também um meio para nos aproximar da vontade de Deus e de gozar de suas benções, reconhecendo toda nossa condição.

b) SERVIÇO – A conduta de fazer coisas de modo espontâneo e abençoador. O Serviço é um fator essencial para a unidade porque é um modo de sermos como nosso Senhor Jesus – o líder servo por excelência.

É impressionante como ações simples, por meio de Jesus, podem nos ensinar tanto sobre humildade e serviço. Em João 13 temos o Senhor Jesus, uma toalha, uma bacia e seus discípulos num pequeno e desconhecido lugar.
Estamos da diante da famosa cena do lava-pés, que todos os anos é repetida nas comemorações de algumas igrejas na páscoa. Para alguns um simples rito e para outros um bonito ato. Na verdade um fantástico ensinamento sobre relacionamento e amor. Com o lava-pés Jesus nos ensina que com as mãos na bacia podemos operar misericórdia. Como descobrimos que pessoas nas mãos do líder servo Jesus, nos ensinam profundamente sobre amar, perdoar e servir pessoas.
No lava-pés Jesus sabia da negação de Pedro, do ceticismo de Tomé, da traição de Judas e do medo e abandono dos discípulos.Mas no início do texto do lava-pés a palavra de Deus declara que tendo os amado, "amou-os até o fim".

Num mundo onde somos bombardeados pela oferta e disposição de serviços e benefícios a nosso favor. Onde somos constantemente servidos e somos o centro das atenções, fica cada vez mais difícil servir e amar. Na igreja não pode ser assim.

Numa realidade religiosa de triunfalismo e vanglória fica cada vez mais difícil perdoar e se humilhar. Fica cada vez mais difícil estarmos prontos, como Jesus, a servir.
Numa realidade pós-moderna distante de Cristo é mais fácil lavarmos as mãos a colocá-las na bacia. É mais facial olharmos imponentes de cima, do que nos ajoelharmos aos pés dos que mentem e nos negam a fidelidade. É mais provável que lancemos palavras duras aos que nos traem do que lhe enxugar os pés. É possível que viremos às costas do que sirvamos aos que duvidam de nós ou nos abandonam.
Cristo demonstra que com as mãos na bacia ama-se, humilha-se, serve-se, perdoa-se. A questão é que só põe as mãos na bacia quem humildemente aceita a condição de servo; que segue o exemplo do Mestre, que nos diz: "assim como eu vos servi vos deveis servir uns aos outros".
Com as mãos na bacia somos verdadeiramente discípulos de Jesus, que servindo uns aos outros, crescemos em graça e comunhão.

c) EMPATIA - cuidado com o outro. Atitude de se colocar no lugar do outro.
Ação de reciprocidade, de cuidarmos uns dos outros.
A empatia se expressa pela reciprocidade, pela dedicação e suprimento de necessidades..
Precisamos da empatia para nos colocarmos no lugar do outro, e vermos as coisas a partir do seu ângulo e, assim, nos capacitarmos descobrir como o outro está sentindo.
A empatia é um elemento característico da cruz. Na cruz Jesus não só tomo o nosso lugar de pecadores mas sofre nossas angustias. E cruz é o lugar de substituição empática por excelência.

Cl 1.13 e 14 e 2. 19 a 22
“ E a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos; havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz”;

“19 porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus. A vós também, que outrora éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis”.

Eis versos de empatia plena, resultado da unidade da trindade e do desejo de Deus de ter comunhão conosco. Por isso a empatia é essencial para unidade
Desenvolver a humildade; prestar serviço cristão e compartilhar as necessidades são atitudes que se desenvolvem com o convívio.

4) CONVIVIO CONGREGACIONAL

Como privilégio de termos acesso a Deus e comunhão com os irmãos a car aos Hebreus nos exorta ao convívio congregacional, ao dizer: Hb 10. 19 a 25 Nos deixei de congregar como é costume de alguns ...

Se não bastasse esses benefícios espirituais e emocionais, em verdade a participação congregacional é um compromisso assumido em nossa profissão de Fé, quando declaramos obedecer o governo da Igreja, isto é, a cumprir nosso dever de membro, segundo a CIPB, de ter no culto e trabalhos um meio de adorar e ouvir a Deus juntos com os irmãos.
É importante lembrar que o convívio nos fortalece e ampara. Os apóstolos quando frustados e com medo pela morte de Jesus se refugiaram juntos até que o Mestre aparecesse a eles. Quando o Senhor subiu aos seus e determinou que permanecessem em Jerusalém o Espírito no Pentecostes de Atos 2 os encontrou juntos. E juntos permaneceram unanimes em oração, partindo o pão de casa em casa.

Quando filipenses 1.27 fala de unidade de esforço, sentimento e espiritualidade, precisamos entender isso só é possível pelo convívio. Pela atitude de dia a dia procurarmos nos aproximar uns dos outros, no culto ou fora dele para crescermos em unidade perante o Senhor.

CONCLUSÃO
Como dissemos a unidade possui uma força inigualável e essencial a vida da igreja. Uma vez que a união constrói pontes que nos ligam cada vez mais e nos aproximam de nosso Deus. No entanto, a desunião levantam barreiras entre as pessoas e, portanto, conduzem a desagregação.

As vezes o obstáculo para união é o pedido ou concessão de perdão. Outras vezes está na nossa forma de ver as coisas só em nossa perspectiva. Ou ainda, a unidade pode ser fragilizada porque não nos colocamos a disposição dos outros ou até no lugar dos outros para percebermos suas lutas e ajudarmos em suas dificuldades.
Uma coisa é certa a excelsa trindade é sinônimo de unidade. A igreja é denominada de corpo de Cristo, portanto não há saída, devemos nos esforçar para desenvolver e manter a comunhão para que possamos ser identificados como servos de Cristo e igreja de nosso Deus altíssimo.
E creio que enquanto caminharmos em unidade, com humildade, dispostos a servir adotando a empatia como princípios, Deus será glorificado e a igreja será edificada, pois isto ocorrerá pela ação do Espírito e a justa cooperação de cada parte.