No Seminário de Missões e Evangelização do PMVP, no último fim de semana, 30 Ago, tivemos a oportunidade de refletir sobre três temas. Missão como estilo de Vida - Pr Conrado, da PIB de SJ Campos; Missão Intercultural e Ação Social - Miss. Liliane e Evangelização e Ação Social - Pr Alex.
Haja vista a profundidade dos temas e a extensão dos textos, estaremos nos ao longo dos meses de setembro e outubro divulgando os estudos em sua integra. Começaremos pelo estudo do Pr. Conrado, com a parte 1 na primeira quinzena e parte 2 na sefunda de Set. Agradecemos sua comprensão e pedimos que continem orando para que Deus nos ajude a fazer a sua obra e desperte nas igrejas irmãos para missão e evngelização.
"MISSÕES COMO ESTILO DE VIDA" - Parte 1
Artigo escrito em cumprimento às exigências do curso de pós-graduação em ministério pastoral.
Pr. Conrado Pfannemüller
Fui chamado para ser um missionário que fica segurando as cordas dos que vão, na devocional de sábado ministrada pelo pastor Russel Shedd no XV CON-NACIONAL – Congresso da Juventude Batista Brasileira, realizado em Brasília, em Julho de 1993.
O pastor Russel Shedd contou como a sua história de vida foi transformada pela oração de um grupo de pessoas que fez um propósito de orar para que os alunos do Seminário onde ele estudava, fossem chamados por Deus para serem missionários e através de um avivamento que houve, dos 1.000 alunos daquele período, uma estatística indicava que pelo menos 800 alunos envolveram-se na obra missionária, inclusive ele próprio. E assim, fez o apelo para os que sentissem chamados para fazer parte do grupo de missionários que ficam orando e sustentando a obra missionária viessem à frente e eu, muito emocionado, fiz minha entrega. Após, Shedd fez outra coisa diferente do habitual de não orar pelos decidos mas pedir para alguém da congregação que sentisse o seu coração movido a orar, abençoando os que estavam à frente, o fizessem e minha esposa veio à frente e orou por mim, abençoando minha entrega.
Até este dia, participava ativamente da liderança da juventude e fruto daquela decisão, iniciei meu envolvimento com missões ao ponto da minha Igreja, reconhecer-me pouco depois, como Ministro de Missões, o que sou até o dia de hoje. Mas antes daquele dia, já estava envolvido em orar diariamente pelos continentes do mundo em uma semana, contribuindo financeiramente para algumas agências missionárias e no período de minha mocidade, fui o promotor do Projeto Missionário de Férias – PROMIFÉ, que durante 2 semanas de férias escolares, organizava grupos de jovens para evangelizar cidades ainda não alcançadas ou com Igrejas ainda pequenas. Também já havia participado de uma viagem missionária à Angola como um dos líderes da Juventude Batista Brasileira. Mas aquela decisão, mudou o rumo de minha vida.
Creio que o conceito de missões e missionários na minha mente e na da Igreja Brasileira é muito clara como havendo dois tipos de pessoas; os que vão e os que ficam. No meu livro de participante do II Congresso Brasileiro de Missões, realizado de 9 a 13 de Novembro de 1998, no SESC de Guarapari/ES, anotei o seguinte: "Você e missões; ou você vai... ou você envia"! Certamente uma frase de impacto que marcou-me naquele evento.
Tradicionalmente, temos ouvido ou falado que missões é orar, contribuir e ir. Em seu livro MORDOMIA E MISSÕES, o Pr. João Falcão Sobrinho afirma que "a menos que os discípulos de Jesus se entreguem por inteiro para orar, ir e contribuir para missões, o anúncio do Evangelho não alcançará os confins da terra e a igreja não terá pleno conhecimento da graça de Jesus em sua experiência de vida". Permita-me chamar a atenção para esses três verbos que podem estar nos desviando da nossa ação missionária, pois facilmente terceiramos nossa missão ao enviar alguém para ir em nosso lugar ficando orando e contribuindo. Não estou dizendo com isso que as açõess destes três verbos estão erradas mas sim que, posso excluir-me do processo , desde que eu pense mais nos outros do que na minha missão, no meu comissionamento feito por Jesus na oração consagratória de João 17,18 "Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo". Neste artigo, pretendo apresentar um conceito ampliado que estamos implantando na Primeira Igreja Batista em São José dos Campos que "missões é estilo de vida".
Vemos também este conceito no livro de Edison Queiroz, A IGREJA LOCAL E MISSÕES, 1ª edição de 1987 e 2ª edição de 1989, onde enfatiza na parte II – "A prática de missões na Igreja Local" que a oração, o sustento financeiro e o enviar são funções da Igreja.
"Oração
Como as demais atividades da igreja, o trabalho de missões é movido a oração. A oração é uma arma poderosa para se vencerem barreiras e alcançarem metas. Através da oração, podemos ver as janelas dos céus abertas ee as bênçãos de Deus sobre o Seu povo. A oração move o coração de Deus. Não há problema ou dificuldade que resita a uma oração persistente. Deus responde à oração, e o trabalho de missões só pode ser sustentado através de muita oração"
Deus tem me dado a alegria de conhecer sua obra redentora em diferentes países e tenho pensado que este privilégio é fruto de uma vida de décadas de oração por missões e missionários locais, regionais, nacionais e mundiais. Há muitos anos atrás, aprendi um método de oração missionária divulgado pela missão Cruzada Mundial de Literatura em que, a cada dia, oro por um continente e em uma semana, completo o mundo todo. Além disso, usei o antigo livro "Batalha Mundial" (atual "Intercessão Mundial") para conhecer e interceder por todos os países do mundo. Mais recentemente, tenho orado por pessoas da família, colegas e conhecidos para ganhá-los para Jesus e há três meses atrás, um de meus sobrinhos que constava de minha lista, converteu-se.
Em março de 2002, a história do Sr Lo, publicada pela revista Portas Abertas impactou ainda mais meus hábitos de intercessão.
"Sr Lo era um camponês do interior da China e todas as tardes costumava ficar em pé no dique de lama próximo ao seu campo de arroz, com uma enxada sobre os ombros e com a mão estendida, palmas para frente, dedos entreabertos, girava em todas as direções entoando murmúrios. Escondidos, jovens descobriram o mistério; o Sr Lo orava pelas coisas e pessoas que entrevia entre seus dedos abertos; o búfalo do seu vizinho, a pedreira próxima, a fábrica de vidro, as casas e pessoas que via. Morreu jovem e repentinamente de um ataque de coração aos 51 anos. Ele não tinha família.
Então as coisas começaram a dar errado na região; o búfalo ficou sem controle e destruiu lavouras e canais de irrigação; uma explosão na pedreira matou 4 homens, uma jovem perdeu um braço em um acidente na fábrica de vidros e, finalmente, houveram tantas desgraças nas casas e vidas das pessoas, que os moradores se reuniram e concluíram que era porque o Sr Lo não mais vivia para orar por eles. Mas para quem o Sr Lo orava? Eles não sabiam pois nunca haviam mostrado interesse pelo Deus do Sr Lo. Então começaram a acender incenso no altar local, que continha uma estátua de um guerreiro do passado. Surpreendentemente, todas as manhãs durante aquela semana, a estátua estava sempre caída. Até que alguém notou que ela sempre caia na mesma direção; a choupana do Sr Lo. Deram uma busca e acharam um pequeno livro que levaram ao altar e esperaram para ver o que poderia acontecer.
Naquele mesmo dia, chegou um evangelísta no local, mas assim que começou a pregar, foi impedido pelos homens da aldeia que começaram a agredi-lo. Pretendendo expulsá-lo, levaram aos limites da aldeia e quando passavam em frente ao altar, naquele momento a estátua voltou a cair sobre uma mulher, prendendo sua perna. Enquanto tentavam libertá-la, o evangelista viu o pequeno livro e gritou: "Isso é uma Bíblia! Onde vocês conseguiram uma Bíblia?" – " Você sabe que livro é este?" – "Claro, é o livro que fala sobre Jesus Cristo, o maior Deus que responde as orações mais do que ninguém".
Foram as palavras exatas para aqueles moradores pois eles haviam conhecido o Sr Lo, que orava diariamente para um Deus que responde as orações.
Agora, todos os moradores são cristãos e toda tarde, pode-se ver umas dez a quinze pessoas em pé sobre os diques, mãos estendidas, palmas para frente, dedos abertos e pode-se ouvir o murmúrio das orações. E cada um deles, em homenagem ao Sr Lo, têm uma enxada sobre os ombros"
Esta história tem inspirado minha vida. Recentemente, um vôo internacional em que viajei, teve sua partida adiada para a manhã do dia seguinte. Viajando em uma poltrona na janela, sobrevoamos o Brasil de sul a norte e eu aproveitei para interceder pelo nosso país, olhando a paisagem lá de cima. Ao sair da costa, meu espírito estava tão feliz com aquele privilégio dado a mim de orar pelo Brasil, que agora estou criando o hábito de, enquanto andando pela rua, orar pelas pessoas que passam por mim; viajando, interceder pelas casas e cidades que vejo, ou seja, procuro seguir o exemplo do Sr Lo, orando constantemente e diariamente pelas pessoas e continuo com o hábito de, em minha devocional, orar pelos continentes, países e pelos missionários que estão nos campos.
"Contribuindo financeiramente
Através da nossa contribuição financeira, podemos testemunhar em nossa cidade, estado, país e no mundo todo, porque ela será utilizada para envio e sustento de missionários. Devemos contribuir financeiramente, porque é um princípio bíblico. Quando contribuímos para missões, o nosso crédito é aumentado diante de Deus (Fp 4.17). Mas, infelizmente, poucos crentes e, conseqüentemente, poucas igrejas estão contribuindo efetivamente para missões, por falta de visão da sua liderança. Nossa igreja, há tempos atrás, contribuia anualmente para missões. Tínhamos um dia especial para missiões mundiais e, nesse dia, cada crente dava uma oferta para missões, e ficávamos descansados e acomodados, crentes que já tínhamos feito a nossa parte. Mas logo percebemos o nosso erro, pois se missões é a tarefa básica da igreja e a razão por que ela existe, temos de admitir que todo dia deve ser dia de missões para o crente. Ainda mais? Se o missionário recebe salário mensal, porque eu vou dar um oferta anual? Mudamos tudo. Agora temos todos os domingos momentos especiais para orarmos e contribuirmos para missões, e Deus tem operado milagres na vida financeira da igreja. Por exemplo, no ano de 1986 a nossa igreja aplicou CZ$ 675.000,00 em missões, valor que seria impossível de ser levantado em apenas um dia de oferta. Missões custa dinheiro, por isso precisamos consagrar nossos bens, salários, tudo, para que o mundo possa ser atingido pelo evangelho."
Nas duas últimas décadas do século passado, a igreja evangélica brasileira conheceu o conceito do sustento missionário mensal através do que Edison Queiroz apresenta como "Minha Oferta Missionária de Fé" ou, "Fundo de Missões" que é o mesmo com outra nomenclatura, ou seja, os crentes são desafiados a irem além do dízimo, ofertando mensalmente um valor ou percentual do salário especificamente para o sustento mensal dos missionários e com tal aporte financeiro, as igrejas firmaram convênios com agências missionárias, adotando missionários por um valor mensal definido.
"Minha oferta missionária de fé
Este é um tipo de oferta que eu aprendi com o Rev. Oswald Smith, pastor da Igreja dos Povos, em Toronto, Canadá, no seu livro O clamor do mundo.
Não é uma oferta esporádica, anual, tirada do seu salário, ou do dinheiro que você tem no bolso. É uma oferta missionária mensal que você dá pela fé, na dependência de Deus. Você deve perguntar a Deus: Quanto o Senhor me dará para que entregue para a obra de missões mundiais? Deus lhe diz o valor, e você marca no envelope a quantia, espera que Deus lhe dê o dinheiro, e, então, entrega-o mensalmente na igreja para a obra de missões.
A base bíblica desta oferta aparece em 2 Corintios 9.1-5, quando Paulo, tendo feito um apelo, envia Tito e alguns irmãos para buscarem na igreja esta oferta anteriormente prometida. O contexto refere-se a uma oferta de ajuda social aos irmãos, mas o princípio que aparece no verso 6 é aplicável a qualquer envolvimento financeiro com Deus."
Ir - Indo – Cada crente indo pregar o evangelho. Este "indo" tem duas conotações. Alguns têm a chamada de Deus para ficarem em sua cidade. Estes, então, estarão "indo" aqui em Jerusalém, falando de Cristo no trabalho, na vizinhança, para os familiares, na escola no clube, na rua, no ônibus, onde quer que seja, sendo um missionário aqui. Outros recebem de Deus um chamado especial para o ministério de missões transculturais, isto é, a uma outra cultura, e estão dispostos a ir a qualquer parte do mundo pregando o evangelho. Estes têm um chamado especial para o ministério e não encontram qualquer prazer ou realização, a não ser fazendo a obra de missões. Recebem treinamento especial e vão pregar na Judéia, Samaria e no mundo todo, conforme direção de Deus."
O Pr Edison Queiroz é amigo e companheiro, desde nosso período na liderança da Juventude Batista do Estado de São Paulo (JUBESP) e foi sempre apaixonado pelo que na época chamávamos "evangelismo e missões". Além do PROMIFÉ – Projeto Missionário de Férias, a JUBESP promoveu grandes Encontros Estaduais em diversas regiões do estado para incendiar nos jovens a chama missionária. De maneira alguma desejo com meu artigo, desmerecer a visão missionária que implantou na Primeira Igreja Batista em Santo André, onde foi pastor e atraves desta experiência foi desafiado a escrever o livro "A Igreja Local e Missões" que durante anos, foi um dos poucos modelos de igreja missionária. Aliás, seu livro é um dos que recomendo aos meus alunos do curso de missões do CETEVAP, para serem pastores com visão e prática missionária.
Pois bem, pastorado é dom para alguns, missões é mais abrangente, é estilo de vida para TODOS os crentes salvos por Cristo! Se você não vive missões você está em desobediência a Palavra.
Tradicionalmeente missões era = ORAR, CONTRIBUIR e IR!
Missõees como estilo de vida é = SER, ORAR, ESTAR e DISPOR!
SER um missionário,
ORAR diariamente,
ESTAR disponível,
DISPOR do seu tempo e do seu recurso.
• MISSÕES É SEU NOVO ESTILO DE VIDA, POR QUÊ?...
Está reflexão do Pr Conrado será disponibilizada na próxima quinzena de setembro. Como segunda parte de Seu tema: MISSÕES UM ESTILO DE VIDA. Até lá reflita em suas palavras. E Deus o abençoe. Pr Alex.
