TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCIPULOS 2

TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS
Identidade e Missão - Is 61.1 e Jo 4.23 - Parte 2

Como dissemos semana passada, como cristãos representamos Deus e seu Filho (ungido). E o qualificativo cristão que carregamos não surgiu como simples distinção nominal e sim como resultado de uma identificação direta do modo de viver e da mensagem pregada por Jesus e dos Apóstolos.
Concluímos nosso texto anterior dizendo então que nossa reflexão deveria passar pela compreensão do real significado de ser Cristão.

Ao nós debruçarmos sobre o real significado do nome cristão, precisamos, também, entender que nossa representatividade não vem de nós mesmos. Como cristãos recebemos de Cristo esta missão através da salvação, pois como disse o Senhor Jesus a seus discípulos: “não fostes vós que me escolhestes... pelo contrário, eu vos escolhi... e vos designei para que vades e deis frutos (Jo 15.16). Consequentemente, somos representantes investidos da autoridade de Cristo (pois é Dele esta missão e é Ele quem tem todo o poder que precisamos para ser e fazer discípulos Mt 28.19,20). Eis o significado de ser cristão.
Por isso somos discípulos e testemunhas de posse da mensagem do evangelho. Esta condição e missão não é efetivamente nossa, mas nos é transferida pelo próprio Deus através de Cristo, e é isto que nos identifica com ele e nos faz seus discípulos.
Isaías, no capítulo 61 de seu livro, fez uma anunciação profética sobre o ministério de Jesus e deixa clara sua unção divina (Cristo), sua condição messiânica e sua missão de:
- anunciar a salvação (consumando-a: libertar cativos etc) v 1,2;
- anunciar a restauração da vida (com santidade) v.3 a 8; e
- anunciar a glória futura (resultado final da salvação) v 9 a 11.
Na verdade Isaías está esclarecendo a anunciação do futuro glorioso de Sião citado no capítulo 54 e determinando quem operará ou consumará a salvação apresentada como convite gratuito no capítulo 55. Convite que oferece: a) a graça de Deus;
b) restauração a vida; e que
c) requer retidão.
Em Lucas 4. 18 a 21 o próprio Jesus declara a consumação dessas profecias (Is 61) nos evangelhos. É isto que Cristo ensina e concretiza até hoje, para que nós seus discípulos proclamemos, mas não só com palavras ou com uma simples denominação mas, especialmente, com testemunho.
Talvez você esteja matutando em sua mente: sim há um convite para salvação e Cristo é o ungido que o consuma: salvando, restaurando a vida e nos concedendo os céus (Is 55 e 61). E a partir de nosso chamado como discípulos esta é nossa missão. E com esta missão é que vivemos numa realidade gospel pós-moderna, por vezes superficial. Mas o que tudo isto tem haver com a proposta de TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS(AS)? Alex, onde você quer chegar (apesar de ainda estarmos no início)?
E ainda que você não esteja pensando assim, quero deixar claro a visão inicial que proponho, pois entendo que ela é importante para que cheguemos a conclusão que TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS não é simplesmente nossa missão mas nossa própria identidade como cristãos.
Acompanhe, então meu raciocínio para chegarmos a um entendimento preliminar, que muitos chamam de pressupostos - isto é, algo que temos que saber ou supor (pré) antes de abordarmos um assunto.

1º - O Senhor Jesus é o ungido de Deus, através do Espírito Santo para “proclamar libertação... e apregoar o dia aceitável do Senhor” (Is 61 e Lc 4.18 e 19).

2º - Jesus nos escolheu para trabalhar nesta missão (ou para esta comissão), pois Ele diz: “não fostes vós que me escolhestes... pelo contrário, eu vos escolhi...”, e nos determinou uma função, a saber, e “vos designei para que vades e deis frutos (Jo 15.16);

Logo, o que devemos entender inicialmente é que quando Deus apresentou a profecia da missão de Cristo (Is 61) e quando Jesus anunciou o nosso chamado e designação (Jo 15) a Palavra nos incluiu como discípulos. Ela estava prescrevendo nossa unção pelo Espírito, em e por Cristo, para viver uma missão que nos qualificaria como cristãos, que nos identificaria como verdadeiros discípulos – a missão de TESTEMUNHAR a GRAÇA e FAZER DISCÍPULOS(AS). Este é o propósito do Evangelho de João (20.30,31) e a história contada em Atos sobre a unção e missão dos discípulos para serem testemunhas de Cristo em todas as nações. É este um dos propósitos de nossa salvação. Não é uma opção do contrário séria negar nossa própria identidade.

Como devemos em nossa qualidade de cristãos viver com profundidade, precisamos não apenas saber que temos esta missão mas principalmente compreender seu conteúdo, pois é isto que vai nos identificar com Cristo. Desta forma entender o que é testemunhar a graça para aprendermos como fazer discípulos é o que gostaríamos de fazer nesta breve reflexão, porque cremos que é isto que nos qualifica como verdadeiros cristãos ou evangélicos (gospel) como preferem alguns. Afinal, não é o nome que nos qualifica mas o que somos e o que fazemos. Não podemos cair no erro da superficialidade pós-moderna ou no legalismo farisaico.
Acima de tudo, precisamos nos conscientizar que faz parte do plano de Deus sermos discípulos extensores (ou multiplicadores) da graça de Deus.
Passemos, então, para a reflexão sobre os dois pontos principais de nossa identidade: 1) Testemunhar a graça; e 2) Fazer discípulos. Mas haja vista a certa complexidade que envolve esta reflexão, peço que você tenha um pouco de paciência, e por enquanto pense no que já falamos e se prepare para tratarmos sobre isso em nosso próximo encontro.