TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS

TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS
Identidade e Missão - Is 61.1 e Jo 4.23 - Parte 4

Partindo do pressuposto que ser cristão não está vinculado a um nome, ritos ou formas. Que por trás do termo cristão ou gospel deve haver um identidade estamos tentando responder a pergunta - O QUE É TESTEMUNHAR A GRAÇA? Pois acreditamos que isto passa pela vida cristã verdadeira. E para isso propusemos olhar um pouco para o significado da graça através dos diálogos de Jesus com Nicodemos e a mulher samaritana do evangelho de João. Continuemos portanto pensar nessas circunstâncias bíblicas.
O Evangelho de João em seu propósito é profundamente didático para nos apontar os valores estabelecidos por Deus ao expressar sua graça. Para entendermos isto melhor tomemos como ilustração os diálogos de Jesus em João 3 e 4 com um Mestre da Lei, Nicodemos, e com uma mulher samaritana, considerada adúltera e socialmente excluída. Nestes textos podemos entender sua gratuidade e misericórdia, pois vemos que A GRAÇA:

a) Não está vinculada a nossos méritos (ao legalismo de Nicodemos);
b) Não aceita ou está limitada a nossos pecados ( a Samaritana);
c) Não se condiciona a nossa condição intelectual, social ou emocional
(de orgulho ou de baixa auto-estima);
d) Visa nos preparar para verdadeira adoração, que não está presa ou
limitada a rito legalistas, pela tradição (pai Jacó) ou pelo pecado..

Tendo tratado, mesmo que brevemente sobre a expressão graça e seus aspectos ou valores em Cristo, precisamos então passar para o entendimento do que significa a expressão discípulos, posto serem os cristãos discípulos da graça de Deus, a fim de acrescentar conteúdo ao que já falamos acima sobre nossa missão e condição de discípulos.
Podemos ver discípulo expressado pelas palavras Limudh (VT), Mathetes (NT) e discipulus no latim, todas, segundo o Dicionário Bíblico de J. Douglas com a idéia de aquele que se dedicava ao ensinamento (e/ou reprodução) de ensinamentos recebidos de outro, em regra um mestre. No NT discípulo de Cristo está ligado a idéia daquele que confessa a Jesus Cristo como Senhor e Salvador (At 6.1,2 e 7 e At 9.36). Alguém que está a serviço de Cristo, daí Paulo se intitular em suas epístolas como “servo do Senhor Jesus”. No evangelho de Mateus cristão tem o sentido “tornar-se” (27.57) e “fazer” discípulo (Mt 28.19).
O conceito de discípulo como alguém que, pela graça de Deus, confessa Jesus como senhor e salvador, e por isso lhe segue, é importante para percebermos que GRAÇA e DISCIPULADO nos dirige a palavra FÉ, porque quem confessa a Jesus como salvador o faz pela graça, mediante a fé. Mediante a certeza de que Jesus é o Cristo que salva e mediante o firme propósito de segui-lo como Senhor. Logo ser discípulo é resultado da graça de Deus e é uma condição que se confirma por nossa fé, nossa confissão de Jesus como Senhor e Salvador. Mas precisamos entender que a fé não é um elemento de nossa condição de discípulos que simplesmente nos dá a consciência de nossa condição do pecado e nossa necessidade da graça de Deus.

A fé não é simplesmente um fator intelectual e emocional. Sua espiritualidade ela envolve um fator dinâmico, de ação. A fé não está destituída de ação. Muito pelo contrário a fé se expressa plenamente por nossas ações. Daí Paulo associar a fé genuína em gálatas ao amor e ao serviço (Gl 5.6 e 13,14). Daí Tiago chamar atenção da coerência entre nossa fé e nossa vida (ações). Daí, também, a Carta aos Hebreus falar de fé e santidade com ação (Hb 12. 1a3 e 14e15).

DAÍ FALARMOS EM “TESTEMUNHAR” A GRAÇA. Não há outro modo de sermos cristão sem vivermos o cristianismo, isto é, sem testemunharmos, sem tornamos evidente nossa condição de discípulos. Sem vivermos coerentemente nossa fé. Se somos fruto da graça. Se acreditamos num Deus que nos ama incondicionalmente e se nos dizemos seus servos, é, então, uma questão de identidade e coerência refletirmos em nossos relacionamentos a graça de Deus. Pois assim estamos também evidenciando, de modo correto, nossa semelhança com Deus.
Tendo consciência do conteúdo dessas expressões, precisamos nos debruçar sobre nossa segunda reflexão de como fazer discípulos. Mas proponho mas uma vez fazermos um pausa para refletirmos sobre o que já tratamos até aqui. Assim, ore e pense sobre a difícil tarefa de evidenciar a graça é vivê-la coerente e efetivamente, pois essa é nossa missão. E sito que nos identifica como Cristãos. Até breve.