A TRINDADE FONTE DE UNIDADE E CRESCIMENTO ESPIRITUAL - parte 2

A TRINDADE FONTE DE UNIDADE E CRESCIMENTO ESPIRITUAL - parte 2

O plano de fundo histórico da Trindade e algumas oposições heréticas.

A Doutrina da Trindade surgiu a partir um grande pano de fundo, que nos permiti refletir sobre, a seguinte questão: qual a importância histórica, teológica e prática desta doutrina?
Para Calvino a Trindade é essencial porque é o testemunho da divindade de Cristo e, assim, da certeza de salvação obtida por Ele. Acredito que essa essencialidade, atestada por João Calvino, se demonstra através da história.
Concílios eram reuniões dos pais da Igreja e posteriormente de sues líderes, organizados para definir e padronizar a doutrina da igreja dentro das bases bíblicas e da tradição apostólica. Era uma ferramenta de fidelidade doutrinária. A fim de tratar, firmar e defender a doutrina da trindade e divindade de Cristo a Igreja organizou dois grandes Concílios - de Nicéia (325) e de Constantinopla (381), sendo então promulgado o conhecido “Credo de Nicéia”, e após esses Concílios se consumou em definitivo o Credo Apostólico que conhecemos. Em Nicéia o credo firmado entre outros pontos declarou: “Cremos num só Deus, o Pai todo poderoso ... Num só Senhor, Jesus Cristo, o Filho de Deus... o unigênito; ou seja, da essência do Pai... sendo assim, da mesma substância do Pai”- divino. .

Os eventos que serviram de pano de fundo para a formação da doutrina da Trindade, portanto, foram: a organização do Cristianismo como Instituição, como Igreja; a formulação dos Credos e a consumação do Cânon das Escrituras. Esses eventos decorreram dos seguintes fatos históricos:

Primeiro, a morte dos apóstolos e a perseguição dos cristão, surgindo assim certa crise de autoridade, e junto com ela, algumas heresias, principalmente quanto a divindade de Jesus e a relação de Deus, de Cristo e do Espírito.
Depois, esses problemas se avolumaram com a oficialização ou tolerância do Cristianismo pelo Império Romano através do Édito de Milão promulgado por Constantino em 313. O que fez cessar os problemas externos de perseguição, mas acentuou os problemas internos de autoridade e verdades doutrinárias, influenciados pela entrada de pagãos ou não convertidos na Igreja Cristã; pela proximidade da Igreja com o Império gerando apegos políticos e corrupção; e pelas lutas internas de poder dos Bispos e líderes da Igreja.
Estas lutas perduraram até cerca de 320 dC, e teve inicio, principalmente com um discípulo de Origines ( defendia a subordinação ou inferioridade de Cristo); Ário que pregava que o “logos não era completamente divino por causa da imutabilidade de Deus; o que faria de Cristo não a mesma essência de Deus mas sim um criatura grandiosa e glorificada”. A defesa dessas idéias faziam, ainda, do Espírito Santo não uma pessoa divina, mas um grande poder de Deus.

O arianismo refutado pelo Bispo Alexandre, posteriormente, seu discípulo Atanásio também se opôs fortemente a isto. Alexandre liderou o Concílio de Nicéia e Atanásio, estava presente ao de Nicéia e liderou o de Constantinopla.
No entanto, a discussão não terminou neste tempo, Calvino mesmo teve que se concentrar na doutrina da trindade pois na época da Reforma, os antitrinitarianos Gribaldi e Serveto, defensores do arianismo, tiveram que ser refutados teologicamente e rejeitados pela Igreja.

A Trindade teve grande opositores – as heresias contrárias:
- Arianismo: o termo vem de Ário, bispo de Alexandria. Este pregava que Deus Filho foi em dado momento criado por Deus Pai, e que apesar de glorioso Cristo não possui os atributos plenos de Deus Pai. Cristo não era homoousios( da mesma natureza), ele era homoiousios( de natureza semelhante).

- Subordinacionismo: Esta era visão de um dos mestres de Àrio, Origines. Defendiam que Cristo era divino e eterno, porém não igual em atributos a Deus Pai, pois era a Este subordinado.

- Adocianismo – propunha que Jesus viveu como homem até o batismo, quando então foi adotado por Deus como seu filho. Sendo portanto um homem sublime chamado por Deus de filho.

- Triteísmo – declaram que Deus são três pessoas iguais porém distintas. A cerca desta visão declara Wayne Grudem que: “embora nenhum grupo moderno defenda o triteísmo, talvez muitos evangélicos de hoje, inconscientemente, se inclinem a esta concepção, reconhecendo as pessoas distintas do Pai, do Filho e do Espírito, mas raramente com consciência da unidade de Deus”p183.

Contemporaneamente temos como seitas que refutam a Trindade e divindade de Cristo e do Espírito, como as “Testemunhas de Jeová” fundados, por Russel e Rutheford; e o Espiritismo das irmãs Fox e do prof Alan Kardec. Como religiões que rejeitam a trindade e divindade de Cristo e do Espírito temos o judaísmo e o islamismo.
Afinal o que tudo isso nos ensina?
Primeiro que conhecer aspectos históricos sobre a Trindade e associá-los a revelação das Escrituras são fundamentais para o entendimento força de nossa fé.
Segundo, esses aspetos nos ressaltam a importância e profundidade do plano de nossa salvação do homem – ele é um plano da Trindade e que envolve em sua consumação toda a divindade trinitária.
Terceiro, como consequência desse entendimento, devemos dar profundo valor e significado a nossa salvação, pois Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito operaram e ainda operam em nosso favor. Amor e a graça divina é Trinitária.
Por fim, tudo isso nos conduz a uma conclusão: louvemos, profunda e incessantemente, ao Pai, ao Filho e ao Espírito a graça dispensada sobre nós.

Espero que além dos pontos de nossa conclusão essas reflexões tenham despertado em você o desejo de crescer, entendendo que o crescimento espiritual não é disassociado do crescimento intelectual.
Continuamos em nossa próxima reflexão.
Deus o abençoe. Pr Alex.