Série de Sermões - Texto: Colossenses 3:1-4:1
Tema: Os Cinco “Vs” da Vida Pessoal e Familiar Abundante
Por colaboração ao Ministério do
Pr e amigo Cláudio Correa dos Reis.
Parte 1 - O PRIMEIRO “V” - Vida em Cristo: 3:1-4
Introdução: temos de Cristo a gloriosa promessa de uma vida abundante: “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10). Procuramos deixar claro em nossa primeira mensagem que vida abundante e vida em Cristo são coisas sinônimas no Novo Testamento. Sem Cristo não há vida abundante e onde há vida abundante certamente Cristo está presente. Também demos ênfase à idéia que vida abundante não pode ser confundida com “uma vida sem problemas”, mas ela é “uma vida com propósitos”, que vida abundante é uma vida com sentido, com um transbordar de Deus em nossos corações e que isto independe de circunstâncias externas. A vida abundante é uma condição da alma em comunhão com Deus, por favor, lembre-se disto.
Começamos nossa mensagem de hoje exatamente com a mesma pergunta que encerramos na semana passada: por que alguns crentes não manifestam em suas vidas possuir a vida abundante? Por que alguns irmãos vivem uma vida cristã tão medíocre, que em nada demonstram os frutos de um viver cheio de Deus?
Há duas possíveis respostas a esta indagação. A primeira é que alguns crentes pensam que são crentes, mas, na verdade, não são. Esta é a desgraça do auto-engano: “enganoso é coração [do homem], mais do que todas as coisas, desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr. 17:9). A Bíblia diz que a coisa mais enganosa que existe na face da terra é o coração do pecador. (Brincar) O nosso coração engana mais do que discurso de político brasileiro em época de eleição, e olha que esses caras são bons em enganar... Quando caímos em Adão, todo nosso conhecimento de Deus ficou corrompido, a nossa mente foi obscurecida pelo pecado e, conseqüentemente, isto abriu a possibilidade para o ser humano achar, acreditar pensando que é crente sem que isto seja verdade. Não devemos esquecer que a maioria dos apelos que os profetas do Antigo Testamento fizeram à conversão, pregando “convertam-se... convertam-se”, tais apelos não foram dirigidos aos pagãos, não foram dirigidos aos gentios, às nações de fora da aliança, mas sim à nação de Israel. A maior parte das vezes o apelo à conversão foi ao povo de Deus. Ouça a mensagem do profeta Joel: “Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus...” (Joel 2: 12-13).
Esta primeira resposta, a pessoa não manifesta vida abundante porque pensa que é crente, mas no fundo não é, talvez esteja na mente do apóstolo Paulo quando ele escreveu de forma condicional, que as coisas da vida abundante ensinadas em todo o capítulo três desta carta, dependem, primeiro, de uma experiência de nova vida em Cristo. Esta é a ênfase do versículo um: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo”, ou, em outras palavras, “vocês vão viver a vida abundante somente no caso de já terem ressuscitado para uma nova vida com Cristo”.
A segunda possível resposta à pergunta: “por que alguns cristãos não manifestam a vida abundante?”, é que alguns entre nós, embora sejam verdadeiramente salvos, não estão obedecendo a Jesus de maneira a viver debaixo seu senhorio. São crentes, mas se acomodaram a uma vida pela metade. Na vida cristã um dos piores defeitos é a acomodação. Vivemos entre dois extremos. Alguns, eu creio, de verdade, nasceram para a nova vida, mas pensam que ser cristão é apenas vir à Igreja. São os igrejólotras, os viciados em programação. Nós, a liderança da Igreja, temos uma parcela de culpa na existência dos viciados em igreja, porque temos tantas atividades sociais, que alguns pensam que são bons cristãos só porque participam dos nossos encontros e freqüentam nossas festinhas... Ativismo religioso não é igual a crescimento espiritual. Por outro lado, também temos os que nunca se envolvem, nunca se comprometem. Trabalhar e ajudar no crescimento da Igreja é para esses uma coisa desnecessária. Tais pessoas são sempre distantes, nunca estão cem por cento envolvidas com nada. São pessoas com alergia ao compromisso. Para estas pessoas falta exatamente o compromisso, falta uma decisão de levar Jesus o senhorio de Cristo para todos os cantos escuros de seu coração, e viver Jesus com todas as implicações necessárias em todas as áreas de sua vida. Na vida cristã um dos piores defeitos é a falta de compromisso. As pessoas que vivem nestes dois extremos, “o ativista” e “o não é comigo”, são crentes com muita dificuldade em experimentar a vida abundante. Um confunde vida abundante com Igreja; o outro acha que é possível vida abundante sem entrega total.
As pessoas destes dois extremos vivem numa letargia espiritual e mornidão da fé que a exortação de Apocalipse se faz necessária: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem deras fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (Ap. 3:15-16). Quando Deus nos salvou, seu plano era nos fazer uma coisa inteira e não uma obra pela metade. Deus salvou o homem não apenas para levá-lo ao céu, embora isto já seja bastante glorioso em si, mas também desejava conceder aos salvos vida em abundância, uma vida de plenitude, uma vida com o transbordar dEle através de nós.
Sendo assim, estamos então respondendo a pergunta “por que alguns cristãos não manifestam os frutos da vida abundante?” de duas formas: uns não tem vida em abundância porque não são cristãos mesmo, não tem jeito; e outros não manifestam a plenitude de Deus porque não estão vivendo com o compromisso necessário para a jornada cristã, vivem pela metade.
“Ora, pastor”, alguém poderia perguntar, “mas como é que eu sei quando uma pessoa está no primeiro grupo, o do “auto-engano”, ou no segundo grupo, o do “morno-acomodado”? A diferença não é muito sutil e, ao mesmo tempo, não é um perigo fazer estas afirmações?”. Minha resposta é sim. É verdade, é muito sutil esta diferença e há riscos em fazer estas afirmações. É por isso que é necessário deixar claro que não é possível você saber da outra pessoa, nós só podemos saber de nós mesmos, e ainda assim somente através da ajuda do Espírito Santo de Deus: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade” (João 16:13). Se, de verdade, eu estou em Cristo, então o Espírito de Deus testificará em meu coração, talvez com um sentimento interno muito evidente. Portanto a diferença é esta: os do primeiro grupo, os do auto-engano, não estão nem aí para as coisas de Deus. Para eles a vida espiritual é mera rotina e as coisas que Deus diz tanto-faz-como-fez. São os crentes Luca, sempre cantarolando “to nem aí, to nem aí”. Já os outros são tocados, sabem que estão errados, sabem que precisam melhorar e tem, pelo menos, a marca do arrependimento por não serem aquilo que sabem que deveriam ser.