Vida Abundante - Parte 17

Parte 17 - Os Cinco “Vs” da Vida Pessoal e Familiar Abundante
- Vícios que Asfixiam a Alma (continuação)
UMA SENTENÇA NEGATIVA; PORÉM POSITIVA
Quando possuímos a nova vida em Cristo entendemos que todas as formas de partidarismo na igreja são proibidas: “não pode haver”. Sobre isto que discorremos na semana passada, chamamos sua atenção para o fato de que nesta sentença negativa, “não pode haver” ou “não pode existir” do início do verso onze, está um mandamento muitas vezes desobedecido pela igreja. O sectarismo impede a vida abundante visto que a minha vida com Deus está diretamente relacionada com a minha vida com meu irmão. Por isso o apóstolo Paulo é tão enfático em exemplificar: não pode haver divisão racial, “nem grego nem judeu”, não pode haver divisão cerimonial, “nem circuncisão nem incircuncisão”, não pode haver divisão cultural, “bárbaro ou cita”, e também não pode haver divisão sócio-econômica, “escravo ou livre”, ou seja, nenhuma das nossas diferenças pode fazer diferença em nossa comunhão.
A verdade é que muitas vezes este mandamento é desobedecido por nós. Esta desobediência é pecado, e aqui este pecado é classificado como vício. Uma das maiores evidências de que somos pecadores é a nossa tendência em formarmos grupinhos bem aconchegantes ideologicamente, ignorando todas as outras pessoas que estão à nossa volta. (Brincar) “Ah nosso grupinho é tão gostoso, tão quentinho, tão amigo... e nós todos gostamos de amarelo, os outros gostam de vermelho, e isto vai atrapalhar a nossa comunhão, onde já se viu, os que gostam de vermelho vão atrapalhar os que gostam de amarelo...”. Comunhão não é igual a todos gostarem de amarelo! Comunhão não é todos gostarem de vermelho! Comunhão em Cristo é fazer com que a cor não se transforme em um muro de separação, ou seja, a verdadeira comunhão não é um regime stalinista ou nazista onde as diferenças são massacradas, eliminadas. Comunhão é o lugar onde o Espírito Santo de Deus que derrama amor em nossos corações (Rm. 5:5); comunhão é a diferença não fazer diferença.
Esta comunhão só pode existir, de fato, se colocarmos em prática a sentença positiva: “Cristo é tudo em todos”. Observe que a negação é seguida da proposição, no começo do verso “não pode haver”, e no final do verso “Cristo é tudo em todos”. Como colocamos em prática a obediência que coloca fim ao orgulho sectário do fariseu contra o publicano que teima em aparecer entre nós? Lembrando todos os dias que Cristo é tudo em todos. Se ficarmos só com a proibição do não pode haver, haverá um desequilíbrio em nossa espiritualidade, é por isso que precisamos olhar o “não pode haver” entre vós divisões juntamente com o “Cristo é tudo em todos”.
O Pastor Revonato (2002) comenta assim este verso: “Paulo acentuava a preeminência de Cristo sobre tudo e sobre todos... em Cristo não pode haver discriminação de qualquer ordem, demonstrando que o evangelho é inclusivo, em qualquer tempo, lugar ou condição. No culto a Cristo, lado a lado, podem assentar-se o soldado e o general; o aluno e o professor; o pobre e o rico; o letrado e o iletrado; o negro e o branco; [o jovem e o idoso]; o pobre e o rico. Se assim não for, não se pode falar em cristianismo”. Acrescento, se não for assim não pode haver vida abundante. A pessoa viciada em enfatizar diferenças ao invés de enumerar convergências é sempre uma pessoa orgulhosa e beligerante, suas atitudes asfixiam a alma.
Hoje, infelizmente, nós apenas modificamos as formas de sectarismo. Precisamos aprender com a história. No primeiro século as divisões eram culturais, hoje elas são doutrinárias. Entre os colossenses as panelinhas eram cerimôniais, hoje elas são litúrgicas. Nós, os protestantes, temos que aprender com a nossa história e aplicarmos “Cristo é tudo em todos”, nos arrependendo e pedindo perdão a Deus pelos pecados cometidos por nossos irmãos escravagistas norte-americanos. Nós, os protestantes, temos que aprender com a nossa história e aplicarmos “Cristo é tudo em todos”, nos arrependendo e pedindo perdão a Deus pelos pecados cometidos por nossos irmãos da Alemanha que nada fizeram contra o regime fascista e racista de Adolf Hitler.
“Ora pastor, o senhor está falando de casos extremos... isto nunca vai acontecer entre nós!”. Eu também acho que isto não vai acontecer entre nós, e esta é a minha oração: que isto nunca aconteça entre nós... Todavia, por favor, preste atenção, o que me preocupa é que uma intolerância, para se tornar grande, um dia ela começou como pequena. Minha luta como profeta é chamar a atenção da igreja para o fato de que todas as grandes divisões de igrejas que eu testemunhei começaram com pequenas sementes de divisão. Como todos os vícios, os vícios sociais começam com pequenas doses. O partidarismo é um pecado sutil, dissimulado; o sectarismo não se apresenta de maneira escandalosa, pelo contrário, ele tem ares de sabedoria e espirtualidade se não nos lembrarmos todos os dias que “Cristo é tudo em todos”, podemos tropeçar...
Dois tropeços muito comuns entre nós são aqueles que eu costumo a chamar “ingenuidade homogênea” e “massificação litúrgica”. Pensemos sobre eles em nosso próximo encontro. Até sejamos positivamente convergentes.