Parte 19 - Os Cinco “Vs” da Vida Pessoal e Familiar Abundante
O TERCEIRO “V” – “VIRTUDES CULTIVADAS” – 3:12-17
Chegamos agora ao terceiro “V” de nossa proposta. Estamos aprendendo que Deus promete a seus filhos a “vida abundante”, enfatizando que a mesma não acontece ao acaso, ela é um processo, uma caminhada, uma atitude.
Dos versos 1 a 4 aprendemos o primeiro “V”, a “Vida em Cristo”. Dos versos 5 a 11 aprendemos sobre o segundo “V”, “Vencendo os Vícios”. Hoje, com base nos versos 12 a 17 começaremos a pensar sobre o terceiro “V” da vida abundante: o “V” das “Virtudes Cultivadas”.
Há várias metáforas que se aplicam de maneira muito apropriada à vida cristã. Uma delas é que a vida abundante é fruto de um “caminhar perseverante”, uma caminhada que, como alguém já definiu de maneira muito inteligente, acontece sempre em passos muito bem definidos, com “um sim para Deus” e “um não para o diabo”, ou ainda, dito de outra maneira, cada passo na jornada cristã é “um sim para a santidade” e “um não para o pecado”. De certa forma é assim que Paulo apresenta a vida abundante neste texto. No primeiro passo, e o primeiro passo de uma jornada é sempre o mais importante, recebemos a vida em Cristo, que seria então um “sim para Deus”; no segundo passo, onde negamos os vícios que se manifestam na carne, no caráter e no partidarismo damos um “não para o diabo”; e agora, neste terceiro parágrafo a dinâmica da caminhada cristã continua com mais um passo, agora, então, mais um “sim para Deus”, que é o passo das virtudes cultivadas.
(Ênfase – fazer o gestual com a mão, “passos”) Dar um passo após o outro, um passo de cada vez, “sim” para a santidade e “não” para o pecado, é o segredo do equilíbrio na vida cristã e o fundamento da vida abundante (repetir). O equilíbrio do corpo humano depende das duas pernas, e a coordenação motora e sincrônica dos movimentos é o que dá ao ser humano o equilíbrio necessário para andar sem cair. Na vida espiritual também é assim. Muitas pessoas querem dizer um sim para Deus sem dizer um não para o diabo. Fica faltando uma perna. (Pausa-Brincar) E alguns crentes, infelizmente, são assim... É o crente “Saci-Enrolê”, não Saci-Pererê, é “Saci Embromê”... Tem crente que vive numa enrrolação, tem crente que vive numa embromação que nunca anda, nunca sai do lugar, vive tropicando pela vida porque não desenvolveu o equilíbrio do “sim” e do “não”.
Dizer sim para Cristo significa dizer não para muitas outras coisas. O contrário também é verdadeiro, visto que, para dizer não aos pecados eu preciso primeiro dizer sim para Cristo, ninguém consegue dizer não para a libertação do pecado sem primeiro dizer sim para Aquele que liberta do pecado. A vida com Cristo é um constante sim para a vida de oração, sim para a leitura bíblica, sim para uma vida de compromisso. Eu gosto de pensar na vida com Deus como uma decisão, uma vida onde eu assumo ficar com algumas coisas e assumo fazer uma ruptura com outras coisas. “Decisão”, por favor, preste atenção, decisão é exatamente isto, eu deci-do assumir na vida o desenvolvimento de algumas virtudes, ao mesmo tempo em que tomo uma de-cisão, e decisão é fazer uma cisão, decido romper com tudo o que entristece a Deus e conseqüentemente faz mal para a minha alma. É por isso que a fé cristã é uma fé altamente consciente: para o que vamos dizer sim e para o que vamos dizer não? É por isso que a fé cristã é uma fé altamente reflexiva: eu preciso saber porque vou para a direita e preciso saber porque não vou para a esquerda?
É preciso cultivar virtudes cristãs a fim de que no terreno do meu coração possa brotar a vida abundante. (Pausadamente) A virtude do equilíbrio na espiritualidade cristã significa que dizer “não” para o pecado sem dizer “sim” para a santidade, nos transforma em fariseus. Os fariseus só sabiam dizer “não”, “não”, “não” e “não”, e nunca diziam “sim”. De tanto dizer não para tudo eles acabaram dizendo não para o Filho de Deus. Da mesma forma, dizer não para a magoa significa dizer sim para o amor. O sim e o não se equilibrando. O Saci-Pererê é o único que consegue se equilibrar em apenas uma perna. Só que Saci é folclore, e apesar do pessoal de São Luiz do Paraitinga gostar dos adesivos de carro tipo “eu acredito em Saci”, ou “eu já vi um Saci”, o Saci não existe. Portanto, este terceiro parágrafo nos convida para seguir na caminhada de maneira equilibrada. Demos um passo, vida em Cristo; demos mais um passo, abandonando os vícios; agora vamos continuar, cultivando as virtudes do caráter cristão.
Para entendermos de maneira profunda este terceiro “V” da “Vida Abundante”, precisamos atentar para a metáfora que abre este parágrafo. A figura usada aqui por Paulo é a da “troca de roupa”. O apóstolo toma a figura do “despir-se” e do “vestir-se” para exemplificar que o abandono dos vícios deve ser seguido, simultaneamente, do compromisso com as virtudes abraçadas. Do que é que nos despimos? Das pequenas alianças com o erro que insistimos em preservar em nossa vida. E do que é que nos vestimos? De uma disposição de vivermos as qualidades de um verdadeiro cristão. Observe que no início do verso oito do parágrafo anterior lemos “agora, despojai-vos”, ordem esta que deve ser seguida da obediência à primeira palavra do verso doze “revesti-vos”. A velha natureza, a velha roupa, deve ser despida, com todas as suas corrupções e maus hábitos; e a nova natureza, uma roupa novinha que ganhamos com a nova vida em Cristo, deve ser vestida, com todas as qualidades e virtudes que frutificam no coração dos salvos.