Vida Abundante - Parte 31

Parte 31 - Os Cinco “Vs” da Vida Pessoal e Familiar Abundante
O TERCEIRO “V” – AS PEÇAS DO VESTUÁRIO
O AMOR NA PRÁTICA: SUPORTE E PERDÃO
Um dos maiores sucessos na edição de cartões, cartõezinhos de presentes, cartões de felicitações, cartões para dia dos namorados, etc, foi a série “Amar É”. Acho que você lembra desta série de cartões, não lembra? Talvez até alguém aqui já tenha enviado ou recebido alguns destes... Talvez você até tenha alguns destes esquecidos lá no fundo de alguma gaveta. (Brincar com o Calçada – pois é, o Dr. Calçada sempre mandava estes cartões para a Vânia, tipo assim: “amar é: não se importar se o seu marido está ficando com barriguinha”; “amar é: gostar dele mesmo quando os cabelos estão caindo e ficando brancos antes dos quarenta!”).
Na minha opinião o sucesso desta série de cartões se explica basicamente por um motivo: ela tenta definir o amor e isto de alguma maneira ajuda as pessoas. Você já percebeu como é difícil definir amar? Pare um pouco e pense: o que é o amor? Amar é um verbo extremamente complexo, de tão grandes possibilidades e de difícil definição. Se eu disser assim: “vou andar de bicicleta”, todos entendem perfeitamente o que está sendo comunicado e há, inclusive, uma imagem mental que corresponde aquilo que ouvimos, ele ou ela vai andar de bicicleta e pronto. Mas, se alguém disser: “eu vou amar” há tantas coisas contidas nesta pequena frase que fica difícil entender o que a pessoa está tentando comunicar se a pessoa não se explicar mais detalhadamente.
(Pausadamente) Além disto, nós temos dois fatores complicadores. O primeiro é que depois do romantismo, um movimento literário que influenciou as artes, a filosofia e vários aspectos da cultura ocidental, “amar” virou sinônimo de “sentir”. No romantismo o sentimentalismo, a fantasia, as grandes aventuras são impulsionadas pelas emoções, as quais são a base do amor. E isto, na minha opinião, é um problema porque o amor ficou reduzido à paixão ou restrito às emoções, o amor ficou reduzido ao “gostosinho do que eu estou sentindo aqui dentro de mim”. Será que amar é sentir uma coisa “gostosinha e quentinha” dentro do meu peito? Acho que é importante lembrarmos que não tem nada de emocionante levar o filho ao hospital, às três horas da manhã, com uma febre de quarenta graus que não sede e o médico dizer que ele está com pneumonia e vai precisar ficar internado. (Pausadamente) Em certo sentido o amor também gela nosso peito; em certo sentido o amor também angustia... O amor é uma ação e não apenas uma emoção; o amor sempre me faz feliz, mas não esqueça jamais que amar também dói. Não é possível olhar para cruz com romantismo.
O segundo fator que complica nossa compreensão sobre esta questão do amor, é que a Bíblia não define o que é amar. Calma, tenha paciência e me ouça com atenção. Na Palavra de Deus não encontramos nenhum versículo do tipo os cartões “Amar é...”. A Bíblia diz com clareza o que é que Deus fez por nós por amor; a Bíblia ensina com clareza o que é que devemos fazer por amor; e a Bíblia diz que “Deus é amor”, o que torna a coisa ainda mais complicada... Ora, se Deus é amor, mas também é transcendente e infinito, como o finito pode compreender o infinito? Sendo Deus amor, como uma mente obscurecida pelo pecado pode compreender o que é o amor? Quem conseguir definir exatamente o que é amor, ao mesmo tempo estará definindo quem é Deus, o que sempre foi uma tarefa muito difícil para a teologia cristã em todos os tempos.
Conta-se que na Assembléia de Westminster, onde foi elaborada a CFW, o nosso padrão doutrinário, uma Comissão Especial formada de pastores escrevia os Catecismos e formulou assim a pergunta numero quatro: “Quem é Deus?” Pois bem, fazer a pergunta foi fácil, mas colocar uma resposta simples e suscinta e ao mesmo tempo bíblica a esta pergunta aparentemente fácil se tornou uma grande dificuldade. Eles escreviam e reescreviam a resposta, mas nada parecia satisfatório. Esta reunião durou quatro anos os pastores não conseguiam chegar a uma conclusão (depois dizem que as mulheres falam muito...) Já ao final, a Comissão queria escrever a definição e então pediu a um jovem pastor da Comissão que orasse a Deus pedindo iluminação para aquela redação final. O jovem pastor então orou: “Senhor nosso Pai, Tu que és Deus e Espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, poder, sabedoria, santidade, justiça, bondade e verdade, ajuda-nos nesta tarefa tão difícil, em nome de Jesus, Amém!”. Todos da Comissão ficaram boquiabertos e disseram: “hei, este aí é que é o nosso Deus!”. E a resposta à pergunta quatro do BC, quem é Deus ficou assim respondida: “Deus é Espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, poder, sabedoria, santidade, justiça, bondade e verdade.” O que eu estou tentando dizer é que o nosso Deus é amor, por isso definir amor é uma tarefa bastante difícil...
(Ênfase) Mas aí a Bíblia me ensina que para ter uma vida abundante eu preciso colocar “acima de tudo o amor”; mas aí vem o meu pastor e prega que o amor é o coração da vida abundante, e eu, eu não sei nem exatamente como definir o amor... e pior ainda, eu ainda faço a maior confusão entre “amor” e “sentimentalismo”, e agora?
Bem, agora você está pronto para entender porque o verso quatorze, que fala do amor, só faz sentido se você obedecer o verso treze. Preste atenção, por favor, o verso quatorze ensina: “acima de tudo isto, porém, esteja o amor”, e o começo do verso treze traz dois mandamentos, atente para isto irmão, não são duas sugestões, não são apenas dois bons conselhos, duas boas dicas para os relacionamentos, não, são dois mandamentos: “suportai-vos uns aos outros” e “perdoai-vos mutuamente”. Isto significa que o amor só pode ser definido por ações. Isto significa que o amor no cristianismo não é um “conceito abstrato” ou “um sentimentalismo adocicado”, pelo contrário, o amor é uma atitude, que à luz da Palavra de Deus neste texto significa basicamente duas coisas: suportar e perdoar.
Sendo assim, podemos arriscar dizer, definir o amor como sendo “uma obediência prática traduzida em ações, decisões e comportamentos que concordam com as ordens do evangelho para que os irmãos suportem e perdoem uns aos outros” (repetir). Só posso amar como cristão, quando decidida e conscientemente tomei a decisão de, em todos os meus relacionamentos, perdoar e ser suporte para as pessoas que Deus colocou na minha vida, para as pessoas que Deus colocou ao meu lado na estrada da vida.