Parte 32 - Os Cinco “Vs” da Vida Pessoal e Familiar Abundante
O TERCEIRO “V” – AS PEÇAS DO VESTUÁRIO
O SUPORTE (tolerância e perdão)
“Suportai-vos uns aos outros” é um mandamento muitas vezes desobedecido e muito pouco compreendido. O que não é: “vou agüentar este irmão, este mala sem alça...” O que é: “é compreender que a fraqueza do irmão é sinal que ele está precisando de um suporte para subir, é tratar o outro pensando naquilo que ele vai ser e não necessariamente naquilo que ele é”.
Vejamos algumas ilustrações:
AT: Moisés teve seus braços com suporte; o povo de Deus só vence suas batalhas quando as pessoas estão dispostas a segurar as mãos daquele que abençoa... Davi tocava harpa para Saul, mesmo quando ele lhe atirava lanças. Onde estão os tocadores de harpa?
NT: Jesus falava das fraquezas de Pedro a fim de ajudá-lo e não para massacrá-lo... A fraqueza do outro é oportunidade que Deus te confia para ser escada para o crescimento espiritual.
PERDÃO
Estamos falando sobre o mandamento do amor e sobre a exortação apostólica que nos é feita de maneira bastante enfática: “acima de tudo o amor”. Falamos em nossa ultima meditação sobre a dificuldade de uma definição conceitual sobre o que é o amor, mas que neste texto o amor está relacionado a duas atitudes bastante específicas: suportar e perdoar. Sendo assim, procuramos definir o amor como sendo “uma obediência prática traduzida em ações, decisões e comportamentos que concordam com as ordens do evangelho para que os irmãos suportem e perdoem uns aos outros”. Falamos sobre a primeira atitude: “suportar”, que significa que a fraqueza do outro é uma oportunidade para que possamos ajudá-lo, tornando-nos um suporte, um apoio para seu crescimento espiritual.
Hoje vamos falar sobre a segunda atitude que caracteriza o amor: o perdão. Um provérbio chinês que trata sobre a felicidade diz: “queres ser feliz por um minuto, vingue-se; queres ser feliz pela vida inteira, ignore; mas se queres ser feliz pela eternidade, então perdoe...”. Vida abundante e perdão são coisas que andam de mãos dadas. Ora, sendo Deus amor e o perdão sendo uma característica do amor verdadeira, a vida abundante, a vida prometida por Cristo, só flui em nós e através de nós quando exercemos o perdão. Isto significa que qualquer pessoa que queira viver na obediência a Jesus recebendo dele a promessa de uma vida abundante e, de fato, desfrutando desta vida abundante, precisará levar muito a sério a questão do perdão.
Algumas pessoas tratam do assunto perdão como se este fosse um tema satélite, apenas periférico na vida cristã. Tenho para mim que a maioria dos problemas emocionais apresentados pelos cristãos e ainda, um dos maiores obstáculos à uma mais profunda comunhão com Deus apresentados pelas pessoas, são coisas que estão, de uma maneira ou de outra, relacionadas à atitude de não encarar de maneira mais profunda a seriedade do tema perdão. Há nestas pessoas muita sinceridade, mas sua vida emocional nunca amadurece. Há nestas pessoas um desejo sincero de crescimento espiritual, todavia sua espiritualidade está sempre patinando, nunca sai do lugar. Como entender isto? Talvez a falta de perdão possa estar na raiz destas coisas...
A Bíblia fala do assunto perdão mais de cem vezes. A maioria destas citações estão no Novo Testamento e, por sua vez, a grande maioria das citações se relacionam com o perdão entre irmãos, ou se você quiser o perdão dentro da Igreja, ou ainda o perdão entre as pessoas, todos aqueles que fazem parte do meu circulo de relacionamentos, e até mesmo do perdão aos inimigos. Ou seja, não há como separar o cristianismo do tema perdão e não há como um cristão deixar de fazer do perdão uma das suas práticas mais convictas. Se você quer amar de verdade, se você quer uma vida abundante de verdade, então a prática do perdão precisa ser uma das maiores evidências de sua vida.
Destaquemos algumas idéias importantes ensinadas neste texto que relaciona perdão à vida abundante:
A) o perdão é necessário porque em todos os relacionamentos humanos sempre existirá algum motivo de queixa de alguém contra alguém. Por favor, preste atenção! Ninguém é perfeito, portanto não existem relacionamentos perfeitos. Ninguém acerta o tempo todo, portanto precisamos entender que o erro faz parte da existência humana; nós somos pecadores, e muitas vezes pecamos, até mesmo, sem termos a exata consciência disto, muitas vezes, até mesmo com as melhores das intenções, nós pecamos contra alguém que Deus coloca em nosso caminho. Daí a ênfase da Palavra de Deus para que Seus filhos “ofertem” perdão e “recebam” perdão. Não existem pessoas perfeitas, não existem relacionamentos perfeitos, não existem casamentos perfeitos, não existem filhos perfeitos e também não existem Igrejas perfeitas. Mas, existem relacionamentos abençoados; mas, existem relacionamentos maduros. Não existe a perfeição, mas quando o amor está presente o perdão abençoa, o perdão traz crescimento, o perdão fortalece e amadurece nossos relacionamentos... O texto bíblico diz “perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem.”. Fica implícito, na minha opinião, que existem sim motivos de queixa entre as pessoas, ou que um irmão pode estar em falta com o outro. Não deveria acontecer, mas acontece! A palavra grega para queixa é “momphe”, que significa literalmente “causa de culpa”. O outro errou... O outro falhou... O que fazer nesta hora? Telefonar para a melhor amiga e “descer a lenha” na irmã faltosa? Contar para todo mundo o quanto a pessoa foi carnal e imatura com você? Guardar a dor do ferimento, até o ressentimento ir virando mágoa, e na hora em que a coisa estiver transbordando você despejar um caminhão de melancia sobre a outra pessoa? Quantos casamentos não seguem este padrão? O outro errou... O outro falhou... O que fazer?
Praticar o amor através do perdão.