ALEGRIA E MOTIVAÇÃO EM FILIPENSES - Parte 26

PALAVRAS FINAIS Alex R. Carneiro Texto: Filipenses 4. 23

POIESIS CRISTÃ:um instrumento de louvor a Deus e benção para as pessoas.

Eram uma vez três porquinhos...
Um construiu sua casa de palha que não suportou a força do sopro do lobo mau. Outro construiu sua casa de madeira e teve o mesmo fim do primeiro. O terceiro gastou mais tempo, mas fez uma bela casa de tijolos, que não só suportou as investidas do lobo mau, mas também serviu a seus irmãos.
A história do lobo mau e os três porquinhos é uma fábula infantil interessante. Que pode nos levar a pensar sobre prudência, aplicação, medo, bem contra o mal, entre outros pontos, bem como pode ilustrar, por exemplo, sobre nossa obra e seus resultados.
De como vermos nosso trabalho ou o modo de fazer as coisas.

Para isso gostaria de nos levantar a seguinte questão: para que obra o Senhor Deus nos chamou?
Deus quer de nós tripalium ou poiesis (ou poesis).
Obviamente que para respondermos essas perguntas e chegarmos ao verso 23 de Filipenses, e entendermos a mensagem final da carta, precisamos esclarecer alguns aspectos.
Comecemos pelo entendimento das expressões tripallium e poesis
Essa compreensão passa pela forma que entendemos a palavra trabalho. Entre nós trabalhar, em regra tem um conceito pesado. Fruto do próprio significado da palavra, que se refere a um instrumento usado na antiguidade que consistia de três paus (tripalium) que eram colocados no pescoço dos escravos da Grécia antiga para forçá-los a fazer tarefas manuais.
Na Grécia as atividades manuais e simples eram tidas como sem valor, destinadas a pessoas de menor importância social. Essa visão não só percorreu a época de Jesus, com as pessoas mais simples atuando como meros serviçais ou escravos, passando pela Idade Média onde os nobres não tripalium, mas sim os servos e chegando até o capitalismo onde o trabalho passa explorado economicamente e se destina a plebe e e mais simples operários. Por isso o trabalho permanece com a idéia de sacrifico, exploração e insignificância ou algo de valor secundário.
A poesis surge de um conceito diferente a partir da nobreza e filósofos gregos, como a arte de criar, de construir idéias. Assim artes, filosofia e outras expressões intelectuais eram algo digno e valoroso.
Principalmente a concepção de trabalho veio até nós. A própria palavra labor é sinônimo de lutar de se desgastar.
E, portanto, o servir era algo sem grande dignidade. Idéia que também, implicitamente, trazemos até hoje.
Com Jesus não foi assim. Ele provou o tripalium e a poesis. Foi carpinteiro e também Rabi. Mas acima de tudo sabia que tinha uma grande obra a fazer.
Na verdade o Senhor nos levou a uma verdadeira união dessas idéias quando nos orientou a servir a Deus, ao próximo e a igreja. Isto é, a mais de fazer um trabalho, termos em mente que Deus quer que construamos uma obra de serviço.
Por isso a mensagem de Jesus no lava-pés de João 13. Por creio que a cooperação é tão valorizada na Carta ao Filipenses.
Essa atitude mental e espiritual gerou em Paulo e nos Filepenses um espírito que valoriza de tal forma o servir que leva-os a uma poesis cristã - a construção de uma obra que exige muito tripallium mas que será sempre vista como o estabelecimento de uma obra maior, cheia de dignidade e prazer. .
Poesis nos permite olhar nossa cooperação na obra de Deus possamos ver que estamos envolvidos em algo muito maior do que nós e que não só nos conduz a louvar a Deus mas permite que muitos sejam abençoados.
Por isso Filipenses é uma carta rica. Não só por nos conduzir a uma vida de identidade com Cristo, mas por nos apontar a unidade como força propulsora do corpo de Cristos e sua obra.
Não só por nos alertar para os perigos podemos encontrar em alguns que estão em nosso meio e até dos perigos de nossa próprias vaidades, mas principalmente por nos mostrar que a obra de Deus é uma oportunidade de construirmos grandes coisas e fortes relacionamentos.
De que estamos diante de um grande tripallium mas que resultará numa grande poesis.
Creio que o apóstolo Paulo tinha isso em mente quanto fala de si mesmo ao final de seu ministério, quando declara na Carta a Timóteo:
- combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé.
Ele sabia o sacrifício de seu tripallium, mas sabia também que estava envolvido em uma grande poesis, por isso continua e diz:
Agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda. Todos os quanto estiverem envolvidos em sua poesis.
Se partirmos da idéia de trabalho e poesia, veremos que os dois primeiros porquinhos olhavam para suas casa simplesmente como um grande tripallium, mas o que construiu a casa de tijolos, mesmo com muito trabalho, sabia que estava envolvido em uma grande poesis. Que mais do que uma casa estava construindo um lar, um lugar seguro para ele e seus irmãos.
Continuaremos na próxima semana, Deus os abençoe!
Rev. Alex R. Carneiro