Parte 34 - Os Cinco “Vs” da Vida Pessoal e Familiar Abundante
O TERCEIRO “V” – AS PEÇAS DO VESTUÁRIO
A PAZ (continuação)
Paramos em nosso último encontro com a seguinte questão: Como definir paz no cristianismo? Tentemos apresentar nossa resposta.
Para a Bíblia a paz não deve ser confundida ausência de problemas. No cristianismo paz não é igual a prazeres abundantes ou o fim das frustrações. Para o cristianismo a paz é um estado da alma da pessoa que está em harmonia com Deus. Sim, a paz começa com a solução de um problema interno: quem nós somos, de onde viemos, para onde vamos? É por isso que a paz é fruto da solução de um problema básico da alma: por que existimos?
Á da Bíblia, todos os conflitos, todos os problemas, todas as guerras, seja ela macro ou micro, seja ela interna ou externa, encontram sua origem na falta de harmonia do homem com Deus. Viramos as costas para Deus, e em certo sentido, nossa alma entrou em guerra. Daí você entender porque o profeta Isaías, falando do Salvador, afirmou; “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele...” (53:5).
Creio que alguns ainda não perceberam o quanto eu gosto de futebol (Pr. Cláudio). Sim, devido a minha grande discrição, tenho a certeza que ninguém nunca notou esta minha “paixão secreta”. Meus irmãos tenho uma confissão a fazer: futebol é um dos meus vícios. No ano de l.980 eu tinha quinze anos, por favor não faça as contas, naquele ano eu assisti indo aos estádios, cinqüenta partidas de futebol.
Hoje, por razões obvias, eu vou muito pouco a estádios. Mas, quando eu ia, eu curtia tudo, tudo, cada detalhe era uma diversão: eu curtia tomar o ônibus com a torcida cantando; eu curtia chegar antes na porta do estádio para bater papo com aquele monte de gente desconhecida, que você nunca viu na vida, mas que parecem amigos, gente da família... Eu gostava muito de tomar lanche naquelas barraquinhas super higiênicas, padrão festa de Tremembé, sanduíche de calabreza... sanduíche de pernil... você pegava aquele lanche e tomava com uma... tomava com uma... bom, deixa para lá, e depois ia sentar na arquibancada todo feliz, esperando o jogo começar.
E tudo era muito legal, a violência não era tão grande como hoje em dia.
E uma coisa em especial eu gostava: vaiar o árbitro. Quando o trio de arbitragem colocava o pé no campo, toda a torcida se levantava e solenemente descarregava uma vaia no juiz que era uma coisa linda. Eu achava aquilo tudo muito importante, pegar o ônibus, tomar o lanche, conversar com os desconhecidos da família alvi-negra e vaiar o árbitro.
Faz algum tempo, o Flamengo estava fazendo sua pré-temporada e veio fazer um jogo treino contra Taubaté. Eu, pego o meu carro, convido três jovens da igreja, e vamos para o Joaquinzão... Chego mais cedo... Como o meu lanche... Converso com aquele monte de gente desconhecida... Sento na arquibancada e quando o juiz entra em campo, eu levanto, como manda o protocolo, e começo a vaiar o trio de arbitragem... Qual não é minha surpresa, os três garotos ficaram olhando para a minha cara sem entender nada... e eu olhando para a cara deles também sem entender nada... Ah esses jovens, sempre desrespeitando as nossas tradições...
Meus irmãos, porque será que um juiz é uma pessoa que atrai certa antipatia? Por que ninguém, além da própria mãe, é claro, gosta de arbitro de futebol? Arbitrar significa literalmente “julgar”. Sempre que estamos em relação a um juiz, isto significa que nossas ações estão sendo julgadas, avaliadas, alguém está nos julgando, alguém está olhando para o que fizemos ou para o que deixamos de fazer para nos sentenciar, e é claro que isto é sempre algo desconfortável. Eu estou sendo julgado, o meu time de futebol está sendo julgado, a minha causa está trazendo as minhas coisas à luz de um terceiro, e isto pode ser a meu favor ou contra mim, alguém está olhando para algo que me diz respeito e este alguém tem autoridade para dizer “certo” ou “errado”.
Por natureza nós não gostamos de pessoas nos dizendo o que é certo ou o que é errado. (Pausa-ênfase) Não gostamos, mas precisamos. O primeiro arbitro do universo foi o próprio criador do universo. Julgar, estabelecendo regras e limites, alguém que arbitra, dizendo isto pode e aquilo não pode, sentenciar, clarificando o certo e o errado, pode até ser algo que nos coloca contra a parede, mas nós precisamos disto. É por isso que lá no Éden Deus colocou a árvore no meio do jardim e disse aos nossos pais: “tudo vocês podem; mas isto aqui vocês não podem...”, ou seja, Deus estava dizendo para Adão e Eva e também para nós “tudo tem limite”. A regra do arbitro no Éden era para benção de Adão e Eva. O pai que ensina ao filho que ele pode tudo está matando o seu filho. Está matando a realidade, está matando o caráter, está criando um monstro, está matando a vida... Só um pode tudo, por isso o nome dele é Todo-poderoso... Se Adão e Eva achassem que eles podiam tudo, eles iriam desrespeitar os limites da própria vida e se auto-destruiriam. Tudo tem limite, por isso o Deus que não se omite de arbitrar, colocou uma arvore no jardim a fim de que nossos pais e nós entendêssemos que passar dos limites é a morte. Meus irmãos, a maior causa de acidentes com morte nas estradas é o desrespeito aos limites de velocidade. Alguém tem que arbitrar este limite e colocar placas do limite de velocidade que nada mais são do que o arbitro nos dizendo “cuidado, ao passar disto a sua vida corre perigo...”.
Arbitro hoje: não é mais a árvore, não é mais a lei, é a paz de Cristo que apita em meu coração...
E no seu caso?