UM INSTRUMENTO DE CONSOLO

UM INSTRUMENTO DE CONSOLO A semana passada muitas pessoas ficaram sensibilizadas com a morte brutal e ainda sem resposta da pequena Isabella, de apenas 5 anos. Todos nos imaginamos a dor da família de Isabella, em particular de sua mãe, Ana Carolina. Sua dor me remeteu a dor de três outras famílias que perderam crianças e que tive que dirigir o culto fúnebre. A dor e tristeza dessas pessoas é muito grande, e precisa de compartilhamento e consolo. Quando estamos nestas situações nossa mente começa a girar, pensando o que direi ou o que farei para consolá-los, já que a Bíblia nos diz que devemos "chorar com os que choram". O que fazer diante de tamanha dor. Jesus nos ensina muito sobre isso no caso da morte de Lázaro (Jo 11. 1- 45).

Primeiro, o Senhor Jesus nos ensina a compartilhar a dor. Ao saber da morte de Lázaro Jesus diz aos discípulos "vamos ter com eles". E indo ao encontro de Marta e Maria Jesus as ouviu e consolou - "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim ainda que morra viverá". Jesus não corrigiu, não mandou que fossem fortes, mas as ouviu e buscou consolar. Não pregou um sermão, entregou um folheto ou deu um lição de "vida" (ou moral), mas respeitando a dor do luto, da perda. Charles Swindoll conta que uma pessoa enlutada teve duas visitas. Uma falou bastante e buscou levar a pessoa a entender que a "vida continua". A outra, uma criança, sentou no colo do enlutado, sem dizer uma palavra chorou junto com ela. Após estas visitas o enlutado declarou sobre a primeira "queria que fosse embora e não voltasse mais",quanto a outra disse: "não queria que ela fosse embora jamais".

Segundo, Jesus nos ensina que ao compartilhar, devemos sentir a dor do outro. O texto diz que "Vendo-a chorar assim como os judeus... e comoveu-se... Jesus chorou" (v.33, 35).A sociedade atribulada e acelerada que vivemos tem banalizado a dor. Nos ocupamos com tantas coisas que não temos tempo para sentir a dor do outro ou entender a dimensão de suas perdas. E neste caso falo não só da perda pela morte, mas dos diversos tipos de perdas que machucam nossas vidas, como a separação conjugal, a perda da saúde, do emprego, da esperança etc. Diante da dor Jesus, o Senhor Deus, comoveu-se. Pois, compartilhar é mais que falar ou fazer, mas é sentir a dor do outro, por isso Jesus chorou com Marta e Maria.

Em terceiro lugar Jesus nos ensina que Deus não está alheio a dor, e que nele há esperança para nossa dor. Que a sociedade, o Estado e até a Igreja podem falhar, mas Deus está atento a nossa dor, e nos deixa a esperança que se crermos veremos a Sua manifestação de amor e glória. Nos ensina, portanto, que devemos também atentar para a dor do outro, e que os momentos de perda são uma grande oportunidade para dispensarmos nosso amor cristão. E que com nossa presença, audição, abraço ou oração podemos ser um grande instrumento de consolo para os que estão na dor. Por isso, como Jesus, não deixe a modernidade banalizar seus sentimentos comova-se e chore com a dor dos que sofrem com o rompimento da presença de um ente querido. Como cristãos, como discípulos de Jesus, devemos compartilhar a dor dos que sofrem. Devemos ser um instrumento de consolo chorando com os que choram, e um instrumento de esperança proclamando a mensagem de salvação e ressurreição em Cristo.

E se você está em profunda dor e nada pode consola-lo, saiba Deus sabe o que a dor perder um filho. Por isso busque consolo nele, pois a própria Palavra de Deus diz que Cristo veio para consolar os que choram (Isaias 61). 

Que o Espirito de Deus, o Consolador, visite não só a mãe Ana Carolina mas também todos que tem chorado a dor da perda da pessoas amada. 

Pr. Alex R. Carneiro